Clarisse Lispector — escritora brasileira — defende que não basta somente existir, é preciso também pertencer. No entanto, no contexto hodierno, muitas pessoas que sofrem de distúbios psicológicos são excluídas da sociedade, o que as impede de ter o sentimento de pertencimento, e, ainda, afeta diretamente suas vidas, piorando seu estado mental. Nesse sentido, deve-se traçar estratégias a partir das causas de atuação do problema: a lacuna educacional e a disfunção governamental.
  Dessa forma, em primeira análise, a disfunção educacional é um desafio presente nesse cenário. Djamila Ribeiro, filósofa brasileira, afirma que: "para pensar soluções para uma realidade, devemos tirá-la da invisibilidade". Contudo, essa visão social errônea sobre doenças mentais está invisível ao povo brasileiro, uma vez que não há um ensino escolar relacionado à essa problemática no Brasil. A falta de conhecimento populacional sobre o assunto mantém um pensamento preconceituoso, causando a exclusão desse grupo pelos cidadãos. Logo, compreende-se que a educação é um fator de extrema importância para intervir nesse problema.
  Ademais, é preciso destacar a ineficácia estatal como um entrave no que tange o tema. Para Thomas Hobbes, a responsabilidade de garantir o bem-estar social é do Estado. Entretanto, a realidade foge à esta afirmação, visto que o governo federal não age na divulgação do estigma relacionado às pessoas com transtornos psicológicos, nem na representação destas nas mídias sociais. Tal falta de ação faz com que estes indivíduos sejam ignorados e menosprezados, e, consequentemente, intensifica a problematização destes na sociedade. Desse modo, é evidente como a ineficiência governamental implica na resolução dessa situação.
  Portanto, indubitavelmente, são necessárias medidas para intervir nesse problema. Para isso, o Ministério da Educação deve agir na divulgação desse cenário através de palestras e rodas de conversas nas escolas, a fim de eliminar o olhar preconceituoso sobre as vítimas em questão. Paralelamente, o poder público também pode dar espaço para estas na mídia televisiva, por meio de programas e anúncios. Assim, a necessidade de pertencer vai poder ser aproveitada também por aqueles que sofrem com doenças mentais.