A série americana Shameless demostra o cenário em que a irmã mais velha da família Gallagher, Fiona, lida com a pressão de ter que manter sua família economica e emocionalmente diante dos problemas familiares, esse programa representa de maneira precisa algo que vem crescendo no Brasil, que é a invisibilidade do trabalho de cuidado que realizado pelas mulheres, que acaba sendo visto mais como ‘’obrigação da mulher’’ do que um trabalho que merece reconhecimento. Então é de extrema importância que haja um enfrentamento contínuo dessa grande indiferença, que é marcada e aprimorada pelo alto nível de desigualdade de renda e social no país e principalmente por um contexto sócia à associação do ‘’cuidado aos mais frágeis” com a figura da mulher.
Por essa perspectiva, a desigualdade social presente no Brasil é um fator que contribui de maneira absurda com a perpetuação de indiferença e descaso com esse tipo de trabalho, que por conta da falta de oportunidade de serviços e trabalhos em relação a características pessoais, como raça, cor e sexualidade, mulheres e garotas costumam assumir esse papel de trabalho de cuidado, de forma a ajudar com a renda familiar em suas próprias casa, mesmo que os salários relacionados a essas práticas sejam extremamente baixo, por serem considerados apenas o perfil de quem o realiza e não o valor daquele serviço. O trabalho de cuidado visa a melhoria das condições tanto físicas quanto emocionais daqueles que serão cuidados que normalmente são vítimas de abandono ou ausência familiar e veem na figura da mulher que os ajuda e cuida de suas necessidades um tipo de apoio e que deveria ser melhor recompensado
Além disso, o contexto social em que esse tipo de trabalho é inserido associa o cuidado familiar a figura da mulher, onde por meio de dados do IBGE as horas semanais que as mulheres exercem esse tipo de serviço é quase o dobro do que o exercido pelos homens, cerca de 11 horas para 21 horas femininas, o que indica de maneira mais do que substâncial que a associação do modelo patriarcal de sociedade está ainda muito presente na divisão do que deve ou não ser trabalho exercido por homens ou por mulheres . De forma a que muitas mulheres são coagidas por questões mais do que meramente de renda ou escolarização, decidam que diante as condições que possuem e tudo a que foram ensinadas esse tipo de trabalho seja o tipo de trabalho de que precisem exercer para a contribuição familiar, tanto própria, quanto daqueles que a contrataram para faze-lo, contribuindo ainda mais com a manutenção de dogmas sociais sexistas e machistas.
Perante o apresentado é possível concluir, que o enfrentamento da invisibilidade do trabalho de cuidado da mulher brasileira deve ser realizado por meio de um trabalho associado do Ministério do Trabalho e da Mulher e da Mídia, com o objetivo de criar um respeito de todo o contingente social, os orgãos públicos, principalmente o Ministério do Trabalho, deve a partir de negociações, auxiliar e criar leis que tenham como objetivo a melhoria dos salários para aquelas que prestam esses serviços, além de oferecer melhores oportunidades de emprego àquelas que tenham condições socioeconômicas baixas. Já a Mídia, usaria de seu grande alcance, na consientização e quebra de dogmas sociais em que apenas as mulheres precisam ser quem cuida do âmbito familiar, com a transmissão de reportagens que visem mudança e quebra de padrões.