"O homem inventou vestidos e saltos para que mulheres não pudessem fugir.". A frase dita por "Clemencé" na série "1899" reflete a realidade da personagem: uma mulher, em um casamento forçado, devendo obediência ao seu marido e lidando com a violência, física, sexual e emocional diariamente. Infelizmente a ficção apresentada não destoa da realidade; em uma sociedade com a forte presença do machismo, a objetificação e a violência persiste na vida das mulheres brasileiras.
Em primeiro lugar, historicamente, no processo de formação da sociedade percebe-se a exclusão da mulher. Na antiguidade, em Roma a organização social passou a ver a mulher apenas como instrumento para a procriação, sem outra importância no meio social, como representado na música "Mulheres de Atenas". Nela Chico Buarque descreve a mulher de Atenas como desprovidas de qualquer qualidade intelectual, bem como quaisquer sentimentos, e assim, submetidas as vontades de seus maridos.
Presentemente, a ideia de superioridade masculina criada desaba no sentimento de poder e domínio sobre a mulher, causando, em situações extremas, a violência. "Joga pedra na Geni! Ela é feita para apanhar!". Ainda com obras de Chico Buarque "Geni e o zepelim" apresenta a "Geni" sendo agredida por uma cidade inteira, pela não obediência aos padrões exigidos de uma moça. Assim, de certa forma, a persistência da violência contra a mulher é permitida pela sociedade, já que continua se sustentando na desigualdade de gênero, reprimindo as cidadãs.
Em vista da situação apresentada, é mister que o Ministério da Educação promova o debate e o acesso a palestras nas escolas de ensino médio. Por meio de projeto de lei entregue à câmara de deputados deve ser incluso no currículo escolar o tema "A persistência da violência contra mulher". Dessa forma, espera-se que o jovem consciente da situação apresentada crie com o conjunto um futuro melhor.