De acordo com Thomas Jefferson, a aplicação da lei é mais importante que sua elaboração. No entanto, no Brasil contemporâneo, não é dada a devida importância a garantia da documentação aos cidadãos, visto que a não garantia da cidadania ainda é um fator a ser discutido no país. Dessa forma é relevante analisar a irresponsabilidade estatal e o individualismo presentes na questão.
Em primeiro plano, convém ressaltar a irresponsabilidade do Governo como agravante da situação. Na obra "Mordenidade Líquida", Zygmunt Bauman, expõe que, no cenário atual, algumas instituições - dentre elas o Estado - deixaram de cumprir sua função social, mas mantiveram sua estrutura, caracterizando-se, assim, como "instituições zumbis". O Poder Público se classifica no conceito criticado por Bauman, uma vez que não provê esforços para a garantia do direito dos cidadãos.
Outrossim, é preciso destacar o individualismo como causador da problemática. O individualismo pregado por Adam Smith se coloca como empecilho para o aumento dos registros civis e reconhecimento desses indivíduos perante o Estado. Isso se explica pois para o pai do Liberalismo somente a busca pelos interesses pessoais pode levar a sociedade ao progresso. Isso é verificado, pois os cidadãos que não têm sua documentação são pessoas marginalizadas e esquecidas pela sociedade.
Diante disso, para combater tal cenário nefasto é preciso que o Ministério da Cidadania juntamente com o Ministério da Cultura elaborem campanhas a serem veiculadas na mídia e distribuídas em panfletos pelas ruas para incentivar a procura pela documentação, com essa medida é esperado que o número de pessoas sem registro civil diminua. Assim o Poder Público deixará de se caracterizar como uma "instituição zumbi".