[Milesouza]

Na obra “Utopia” do escritor Thomas More, é idealizada uma sociedade perfeita padronizada pela ausência de conflitos. Tal preceito é violado no cenário brasileiro, no que tange a necessidade de soluções para o destino do lixo eletrônico. Diante disso, esse óbice social reverbera de modo nocivo na sociedade, edificado ora pela obsolência programada, ora pela cultura consumista.
A princípio, é relevante observar a redução da vida útil dos itens eletrônicos pelos seus fabricantes como fator inerente a esse contexto. Nessa ótica, a delimitação da durabilidade dos produtos gera um aumento dos montantes de lixo, como exemplificado pela Organização das Nações Unidas, ao estimar que em 2017, o Brasil produziria cerca de 1,4 milhões de toneladas de lixo eletrônico. Sob esse cenário, percebe-se que esse descarte excessivo e incorreto, acarreta problemas de poluição ambiental, devido ao contato de componentes tóxicos com a natureza. Dessa maneira, essas condições dificultam a dissolução da problemática.
Ademais, um importante aspecto a ser considerado é o consumismo intrinsecamente ligado ao panorama pungente. Nesse viés, como retrata o filme “Wall-E”, da Pixar Animation, o planeta Terra foi devastado e ocupado pelo lixo humano, inviabilizando as condições de vida. Por conseguinte, pode-se notar que na sociedade tudo se tornou descartável, pois em pouco tempo haverá algo melhor no mercado, acarretando massas de produtos antiquados e aumento descontrolado do volume do lixo, ações que facilitam um desfecho calamitoso. Logo, são necessárias medidas que amenizem essa situação contraproducente.
Em suma, urge minimizar esse quadro negativo visualizado no país. Desse modo, cabe aos fabricantes de eletrônicos, como Intelbras, LG, Lenovo disseminar a informação da logística reversa, por meio do acréscimo de informações explícitas sobre o acesso a esse recurso nas embalagens dos produtos, a fim de promover um destino sustentável aos eletrônicos. Junto a isso, os cidadãos devem lutar contra a cultura consumista, por intermédio de análises e discussões públicas reconhecendo o que é realmente necessário para seu bem estar. Enfim, com tais ações, será possível aproximar-se da Utopia idealizada por More.