[alexandre19]

Na série norte-americana "Grey's Anatomy", é retratada a história vivida pela cirurgiã ortopédica Callie Torres, que foi processada por negligência médica, após uma cirurgia mal sucedida em seu paciente. Analogamente, no Brasil, muitos profissionais da saúde deparam-se com acusações diante das suas más condutas, pondo em questão os limites entre erros médicos e responsabilidade criminal. Neste viés, tal empecilho ocorre, sobretudo, devido à imprudência no tratamento dos pacientes e à desídia contra a bioética.
A priori, quando um médico toma uma decisão precipitada de um procedimento que não deveria ser feito, põe a vida do paciente em perigo. Nesse contexto, os equívocos nas intervenções médicas afetam cerca de 138 milhões de pessoas por ano; sendo 2,6 milhões o número de óbitos, consoante a OMS. À luz disso, frequentemente, sob um exaustivo turno de trabalho em um ambiente de muita pressão, uma análise errada dos exames do indivíduo leva o médico a cometer tal deslize. Isto posto que, dentro das redes hospitalares, não há planejamento ou preparos eficazes para combater a imperícia médica, além da dificuldade de quebrar o paradigma do sistema arcaico de saúde do país.
Outrossim, vale destacar a bioética - conjunto de problemas levantados pela responsabilidade moral dos médicos em suas funções -, na qual cada vez mais crescem os debates no campo jurídico sobre a violação de deveres éticos profissionais que podem acarretar algum tipo de pena a este. Nesse ínterim, depreende-se que é necessário ter eficácia na manutenção e valer-se dos direitos entre o profissional da medicina e o público, levando em conta os fundamentos descritos na Constituição Federal - a qual repudia todos aqueles cuja ação voluntária cause prejuízo a outrem, sendo a reparação do dano obrigatória -, uma vez que o médico não pode ser negligente e nem agir com leviandade.
Destarte, medidas são imprescindíveis para resolver tais óbices. Cabe ao Ministério da Saúde desenvolver novas estratégias para tratamentos clínicos ou cirúrgicos, por meio de novos modelos de tecnologia a favor da saúde, como a inserção de "prontuários digitais" com informações refinadas dos pacientes, a fim de otimizar mais o trabalho dos médicos e enfermeiros, e melhorar o atendimento nos hospitais. Ademais, o Ministério da Justiça deve alavancar a tese da bioética, mediante a um projeto de lei entregue à Câmara dos Deputados, com o fito de revisar sobre os limites que o médico deve ser culpado, visto que a situação no que tange à imputabilidade moral médica é muito delicada e nem sempre é justa.