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O pintor norueguês Edvard Munch retratou no seu quadro "O Grito" o medo, a desesperança e a inquietude refletidos no semblante de um personagem envolto por uma atmosfera de profunda melancolia. Para além da obra, é possível observar que no contexto nacional atual, o sentimento de milhões de indivíduos assolados pelo o estigma associado ao Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV) é similar ao ilustrado pelo o artista. Desse modo, faz-se necessário analisar as causas desse revés. A respeito destas, evidenciam-se uma associação com um preconceito pré-existente e a falta de educação sexual nas instituições de ensino.
A princípio, é imprescindível notar que a epidemia do HIV/aids possui seus grupos mais vulneráveis historicamente que são sempre associados à doença. No passado, a aids fora conhecida como "peste gay" ou "doença dos 5H": haitianos, usuários de heroína, homossexuais, hemofílicos e hookers (prostitutas). Ademais, de acordo com dados divulgados pelo o Ministério da Saúde (MS), os grupos mais ameaçados pelo o Vírus da Imunodeficiência Humana são travestis (31,2%), homens que possuem relações com outros homens (15%), profissionais do sexo (4,9%) e a população de todo o país (0,4%). Diante de tal exposto, é notório que a discriminação e a exclusão social contra essas minorias as deixa num extremo grau vulnerabilizado, uma vez que, graças a toda repressão sofrida, não dispõem de seus direitos básicos de cidadão e acesso a saúde, propagando assim o vírus e sendo alvo de mais preconceito.
Outrossim, é igualmente preciso apontar a falta de educação sexual nos estabelecimentos de ensino como outro fator que contribui para a manutenção da estigmatização do HIV. Segundo Cleiton Euzébio de Lima, diretor interino do Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/Aids (UNAIDS), educação da sexualidade não é ideologia, mas ciência. Nesse sentido, tal possui impacto na qualidade de vida e saúde dos jovens. Portanto, sua prática é importante tanto para trabalhar a prevenção quanto a discriminação graças a falta de informação.
Por fim, faz-se indispensável que medidas sejam tomadas. Logo, cabe ao Estado criar instituições públicas com abordagens especializadas para os subgrupos mais impactados historicamente por essa epidemia, dessa maneira, o vírus e os estigmas serão menos propagados. Paralelamente, o Ministério da Educação (MEC) deve incluir nas grades escolares uma matéria voltada para educação sexual, com sexólogos como orientadores, afim de informar e preparar os jovens para a vida sexual. Assim, os sofrimentos emocionais retratados por Munch se delimitarão apenas ao plano artístico.