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Na obra “Raízes do Brasil”, do sociólogo Sérgio Buarque de Holanda, é exposto que o brasileiro encontra-se em uma sociedade ausente do formalismo social. Por certo, esse cenário se comprova no fato de que o Brasil enfrenta dificuldades para concretizar o registro civil da população e, consequentemente, garantir o acesso à cidadania. Nesse viés, as raízes da problemática estão tanto na negligência estatal quanto no silenciamento da mídia.
A partir disso, a princípio, a negligência estatal na má distribuição de locais para o registro de indivíduos é um pilar para a problemática. De acordo com o sociólogo Pareto, em sua teoria “Ótimo de Pareto”, o Estado é responsável por manter o equilíbrio em todas as esferas sociais. Contudo, a realidade rompe com essa máxima, haja vista que, os cartórios de registro civil estão em maior concentração nos centros urbanos. Dessa forma, a família que vive em áreas afastadas, enfrenta dificuldades, seja ela financeira ou de mobilidade, para registrar seus filhos. Em consequência disso, há um aumento de indivíduos sem identificação.
Outrossim, o silenciamento da mídia contribui para as dificuldades de garantir a cidadania da população. Segundo o sociólogo Byung-Chul Han, a mídia é um meio que influencia o comportamento individual. Nesse sentido, se não houver propagandas e pronunciamentos acerca do registro civil, menos pessoas terão consciência sobre a importância de tal ato. Em razão disso, se abre espaço para a perpetuação da desvalorização da cidadania.
Infere-se, portanto, as dificuldades para estabelecer o acesso à cidadania no Brasil. Diante disso, cabe ao Ministério da Cidadania - órgão responsável por políticas da área - instituir, por meio de 1% dos impostos, o projeto “Cidadania para todos”. Tal projeto consistirá na construção de cartórios fora de centros urbanos, principalmente, nas áreas com menor distribuição de renda, de maneira que o acesso ao registro seja facilitado a todo cidadão. Além disso, a ação empregará campanhas publicitárias em meios midiáticos, a fim de que haja a conscientização da população sobre o registro civil e sua importância para o exercício da cidadania. Somente assim, no prazo de 1 ano, a ideia de Sérgio Buarque não passará de teoria.