Em “Saneamento Básico - o Filme” os moradores de uma pequena cidade se reúnem para produzir um curta cujos lucros serão convertidos para a criação de uma fossa, tão necessária à comunidade. Nesse sentido, por mais que a obra de Jorge Furtado explore a importância e prioridade do saneamento básico para a vida dos indivíduos, no hodierno cenário brasileiro, muitos permanecem sem o seu devido acesso. Logo, para efetivar a universalização desse direito é fundamental expor os malefícios causados pela sua ausência bem como os aspectos segregacionistas envoltos nessa problemática.

Em primeiro plano, deve-se tratar a questão do saneamento básico no país como um assunto de saúde pública. Isso, pois, em regiões onde o tratamento de esgoto é precarizado o índice de doenças como leptospirose, esquistomosse e cólera é recorrente. Assim, tal como ocorrera em diversos períodos históricos, como a peste bubônica na Idade Média e a cólera no século XIX, a ausência de um sistema de tratamento adequado acarreta graves riscos a população. Logo, fica claro que, para a manutenção de um tecido social sadio o ambiente socio-urbano necessita dos devidos cuidados.

Em segundo plano, é essencial apontar a correlação entre a questão do saneamento com a disparidade social do país. Com efeito, por mais que o Artigo 5 da Constituição Federal de 88 garanta, indiscriminadamente, o direito a saúde e a comodidade a toda população, na prática, são os indivíduos mais carentes que sofrem com a ausência de água tratada, esgotos a céu-aberto e aterros sanitários na porta de casa. Por consequente, esse grupo está mais propenso a contração das doenças supracitadas, dificultando, ainda mais, a possibilidade da sua ascensão econômica. Dessa forma, a questão em pauta reitera a segregação presente no país.

Portanto, urge medidas que revertam o quadro atual. Para isso, o Ministério do Desenvolvimento Regional deve garantir que todo o cidadão brasileiro tenha acesso a estações de saneamento básico de qualidade. Tal empresa deverá ser realizada em duas etapas; primeiramente, deve-se mapear todas as regiões do país a fim de identificar os locais em que não há um sistema de tratamento de água e esgoto adequado. Em seguida, por meio da subsidiação da verba Federal, será feito a instalação de usinas de purificação em todas as cidades com ligação direta aos bairros e comunidades mais necessitadas. Com isso, espera-se que todos possam gozar dos recursos garantidos pela máquina pública e histórias como àquela apresentada por Furtado se delimitem a ficção.