A polícia de São Paulo prendeu os dois homens que espancaram até a morte um ambulante, dentro de uma estação do metrô, no dia de Natal.
A prisão dos responsáveis pela morte do ambulante Luiz Carlos Ruas, o Índio, levou uma multidão revoltada à delegacia que apura crimes dentro do metrô. A passagem deles provocou tumulto. A polícia reagiu.
Ricardo Martins do Nascimento foi preso na noite desta terça-feira (27), em Itupeva, no interior de São Paulo, e levado para a capital. Na chegada, quase foi agredido. Ele falou sobre o crime. “Cara, a gente estava alterado. Cachaça... Não justifica, não. O certo é a gente pagar”, diz Ricardo.
Ricardo e o primo, Alípio Rogério dos Santos, aparecem nas imagens das câmeras do metrô espancando até a morte o ambulante conhecido como Índio. Ele tentou defender dois homossexuais, também agredidos pelos dois rapazes. [...]
Em entrevista à BBC Brasil, Dunker – psicanalista, professor e escritor –, que ganhou o Prêmio Jabuti por sua obra sobre psicologia, psicanálise e comportamento, classifica o ato do ambulante como uma “transgressão ao nosso modo muito covarde de existir”. A seguir um trecho da entrevista:
BBC Brasil: Nesse contexto de banalização da violência, como se destaca o modo de agir de Índio, que, segundos as testemunhas, tentou conversar com os jovens e não agredi-los?
Dunker: O verdadeiro ato de combate à violência foi o de Índio que, sozinho, em desvantagem, quis usar a palavra. É o que está faltando e é o que a gente, mesmo num episódio como esse, não consegue valorizar. Qual é a “arma” que o Índio tinha? A palavra. Ele foi falar com as pessoas. Ele podia ter algum instrumento de ameaça, mas não o usou. A gente desaprendeu a potência simbólica, mediadora, da palavra, porque é só lei contra lei, força contra força, e aí a violência vai se banalizando na mesma medida em que vai se silenciando. Diante do violento, a gente não fala, não negocia mais com a palavra.
Quando o efeito espectador propicia que um crime ocorra, a situação fica mais complexa. Uma frase atribuída ao alemão Albert Einstein diz: “O mundo é um lugar perigoso de se viver, não por causa daqueles que fazem o mal, mas sim por causa daqueles que observam e deixam o mal acontecer”, assim, se um criminoso pode ser definido como uma pessoa com problemas psicológicos, uma pessoa com desprezo pelas leis e pela moral, uma pessoa com desprezo pela vida humana e pelo ser humano, o que dizer daquele que assiste um crime ser cometido e nada faz para impedir? O que uma pessoa que assiste um crime brutal quieta é?
Disponível em: http://justificando.cartacapital.com.br/2017/01/03/paralisia-coletiva-e-o-efeito-espectador-o-caso-genovese-e-o-caso-ruas/.)
De acordo com os textos motivadores anteriores, redija um texto dissertativo acerca da temática:
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