A constituição brasileira de 1988, documento jurídico mais importante do país, determina no Artigo 5 que todo cidadão brasileiro tem direito à igualdade perante todos. Apesar disso, notamos que, devido à persistência do racismo na sociedade brasileira, uma grande parte da população, especialmente as pessoas negras, são privadas deste direito. Diante da situação exposta, é indispensável a análise dos fatores que favorecem esse quadro, dentre os quais podemos citar a conformação da sociedade frente à tal problema e como o mesmo prejudica o progresso social da nação.
A princípio, é de grande importância notar que a conformação da sociedade brasileira diante da permanência do racismo é o principal fator agravante do problema. Como bem disse a filósofa francesa Simone de Beauvoir, “O mais escandaloso dos escândalos é que nos habituamos a eles.” Afirmação tal que pode facilmente ser atribuída a este contexto, partindo do pressuposto que a habituação ao comportamento racista na sociedade brasileira é o que o potencializa e o mantem ativo até os dias atuais.
Como consequência disto, podemos notar como o progresso social do país tem sido prejudicado. Segundo o sociólogo francês Émile Durkheim, “Os fatos sociais podem ser normais ou patológicos. Seguindo essa linha de raciocínio, observa-se que um ambiente patológico, em crise, rompe toda a harmonia social, visto que um sistema corrompido não favorece o progresso social.” Portanto, pode-se dizer que a permanência do racismo na sociedade brasileira é um fato social patológico que tem corrompido a harmonia da nação e seu respectivo progresso. Logo, é inadmissível que esse cenário continue a perdurar.
Depreende-se, portanto, que é imprescindível combater esses obstáculos para então haver progresso social no Brasil. Para isso, é necessário que os cidadãos brasileiros ponham em prática a igualdade instituída na Constituição de 1988, promovendo as mesmas oportunidades tanto para brancos, quanto para negros e mestiços, tratando todos no mesmo nível social, a fim de que a persistência do racismo na sociedade brasileira deixe de existir. Pois como disse Thomas Jefferson, “A aplicação das leis é mais importante que sua elaboração.”