"Como posso dialogar, se me sinto participante de um 'gueto' de homens puros, donos da verdade e do saber, para quem todos os que estão fora são 'essa gente', ou são nativos inferiores?". O trecho da obra, Pedagogia do Oprimido do educador brasileiro Paulo Freire, representa efetivamente, a questão da intolerancia religiosa no Brasil, uma vez que os caminhos para alcançar a equidade nas diversas manifestações culturais, esbarra em fatores históricos e na ineficiencia da utilização da Educação como meio de conscientização.
Diante deste cenário, é necessário lembrar que durante vários periodos da história, a Igreja Católica foi uma das grandes percussoras da Educação no Brasil, utilizando da catequização e ensino das letras, como forma de dominação. Segundo a Secretaria Especial de Direitos Humanos, os católicos representam 60% da população, 19% estão relacionadas a religiões de matrizes africanas, 10% como espíritas e os 11% restantes representam outras formas de cultos religiosos. Desta forma, fica claro que o objetivo da conquista do colonizador, corobora até os dias de hoje com o apagamento de culturas não oriundas da Europa e a perpetuação de crimes de ódios a estes povos.
Ademais. a falta de uma educação multicultural, compactua para a perpetuação de pré conceitos, em específico relacionados aos indígenas e aos africanos escravizados. De acordo com o sociológo francês Emilie Durkheim, a finalidade da educação é a constituição do "ser social" em cada individuo. Cabe a esta instituição englobando ai a familia , a tarefa de preparar o físico, intelectual e a moral dos alunos, com o propósito de uma futura atuação na sociedade. Logo, torna-se necessário que a entidade governamental responsavel pela educação, inclua nos curriculos escolares, mais conteudos relacionados a esses povos que tanto sofreram com a tentativa de apagamento cultural, para que seja construida uma sociedade lucida sobre as pluralidades encontradas nas raizes históricas de nossa nação.
Portanto, é preciso que o Estado tome providencias para amenizar o quadro atual. Buscando um tipo de dialogo que não se torne ato de arrogancia, como cita Paulo Freire, faz- se necessário que o Ministério da Educação em conjunto com o Ministério dos Direitos Humanos, promovam por meio de palestras e criação de cartilhas, debates sobre as diversas culturas no Brasil. Além disso é necessário que esses orgãos conscientizem e fiscalizem a população, através de redes de comunicação, sobre a importancia do direito e dever garantido na Constituição atual, que discorre no artigo 5º sobre a liberdade do exercício de cultos religiosos. Somente assim, será possivel promover uma cultura de paz e tolerância no Brasil.