No livro O Cidadão de Papel, do escritor e jornalista brasileiro Gilberto Dimenstein, os direitos básicos da população são negligenciados pelo Estado, fazendo com que a cidadania só exista no papel. Nesse sentido, os brasileiros também apresentam essa cidadania, visto que o direito a segurança é inefetivo, o que é reflexo da discriminação e má gestão dos investimentos na área.

A priori, é necessários destacar que a discriminação é uma das causas da violência no Brasil, posto que o gerenciamento diferencial das ilegalidades, conceito idealizado pelo filósofo francês Michel Foucault que diz que existe, dentro da estrutura social, redes que distribuem as ilegalidades baseadas em generalizações sobre alguns grupos, se faz presente na sociedade brasileira, onde, segundo dados do FBSP (Fórum Brasileiro de Segurança Pública), os negros representam 78% dos mortos por agentes de segurança.

Ademais, o mau gerenciamento dos investimentos na segurança é outra causa importante no entendimento da necessidade de mudança na atual situação do país. Segundo o IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), os gatos na área giram em torno de R$200 bilhões a cada ano, porém o Brasil está na 10º posição no ranking de países que mais matam com arma de fogo e na 9º entre os que mais matam transexuais.

Portanto, indubitavelmente, mudanças são necessárias para diminuir a violência no país. Para tal, os Ministérios da Economia e da Segurança devem elaborar um plano de distribuição dos investimentos na segurança, que será norteado por meio de pesquisas sobre os locais mais violentos, onde medidas serão realizadas com maior ênfase, seguindo, é claro, os direitos previstos na Constituição Federal. Espera-se com essa medida, garantir que a cidadania dos brasileiros não seja de papel.