Na produção cinematográfica “Ela é o cara", Viola decide fingir que é um garoto para poder jogar no time de futebol de sua escola. De maneira análoga a ficção, na atual realidade brasileira, a desvalorização do futebol feminino persiste em grande escala. Assim, faz-se necessário analisar a omissão do Estado, bem como a fragilidade da dignidade humana.

  Diante desse cenário, a Constituição Federal de 1988 assegura a todos o direito à igualdade. Ocorre que a lei é uma utopia no Brasil, visto que as oportunidades são injustas no âmbito esportivo. De modo que as profissionais mulheres não recebam o devido reconhecimento e valorização por parte dos telespectadores do futebol brasileiro, o que acarreta em desvantagens  salariais e baixa visibilidade pela Mídia. Nesse sentido, o que foi criado para ser um direito geral, a igualdade é uma utopia no Brasil.

  Ademais, a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão – desenvolvida no contexto iluminista – certifica que todos os cidadãos possuem direito à dignidade. Entretanto, o direito não foi colocado em prática no Brasil, visto que ao sofrer assédios, xingamentos e abusos de poder do público e jogadores masculinos, a dignidade das mulheres do esporte e na vida se fragiliza. Dessa forma, não é razoável que a falta de dignidade permaneça em um país que deseja tornar-se nação desenvolvida.

  Observa-se, então, a necessidade de combater a desvalorização do futebol feminino no Brasil. Para isso, o Estado, em parceria com a Mídia, deve reafirmar os direitos previstos pela Constituição através do poder Executivo, além da criação de uma campanha virtual chamada “Mulher no Esporte", na qual ocorrerá entrevistas periódicas com profissionais que atuam no eixo do esporte feminino. Isso acontecerá por meio de canais públicos midiáticos, a fim se que a cena de “Ela é o cara" não seja realidade no Brasil.