O quadro expressionista ‘’O grito’’, do pintor norueguês Edvard Munch, retrata a inquietude, o medo e a desesperança refletidos no semblante de um personagem envolto por uma atmosfera de profunda desolação. Para além da obra, observa-se que, na conjuntura brasileira contemporânea, o sentimento de milhares de indivíduos assolados pela dificuldade do acesso ao cinema no Brasil é, amiudadamente, semelhante ao ilustrado pelo artista. Nesse viés, torna-se crucial analisar as causas desse revés, dentre as quais se destacam a negligência governamental e a falta de investimento nessa área.
A princípio, é imperioso notar que a indiligência do Estado potencializa o problema. Com isso, esse contexto de inoperância das esferas de poder exemplifica a teoria das Instituições Zumbis, do sociólogo Zygmunt Bauman, que as descreve como presentes na sociedade, todavia, sem cumprirem sua função social com eficácia. Sob essa ótica, devido à baixa atuação das autoridades, o acesso ao cinema no Brasil vem sendo agravada. Nessa perspectiva, para a completa refutação da teoria do estudioso polonês e a mudança dessa realidade, faz-se imprescindível uma intervenção estatal.
Outrossim, é igualmente preciso apontar a falta de investimento nessa área como outro fator que contribui para a manutenção da problemática. Posto isso, de acordo com o filósofo Nicolau Maquiavel, no livro "O príncipe", para manter-se no poder, o estado dispõe-se à incumbência de operar e ter como objetivo o bem universal. Diante de tal exposto, o Governo deve tomar uma atitude tendo em vista tal quadro de carência com o acesso ao cinema no Brasil. Logo, é inadmissível que esse cenário continue a perdurar.
Portanto, são necessárias medidas de mitigar a desigualdade do acesso ao cinema no Brasil. Dessarte, a fim de tornar o acesso à sétima arte mais acessível para todos, é preciso que o Ministério da Cultura, órgão responsável por promover o crescimento cultural brasileiro, promova projetos de cinemas nas escolas públicas, com o acesso gratuito. Paralelamente, é imperativo que as políticas já existentes voltadas ao combate do problema sejam aplicadas de forma mais rígida pelo Governo. Espera-se, assim, que os sofrimentos emocionais retratados por Munch delimitem-se apenas ao plano artístico.