TEMA: ATIVISMO DIGITAL



A Primavera Árabe configurou-se como uma onda revolucionária de revoltas populares, as quais foram impulsionadas através da organização de protestos via internet. De maneira análoga, tal modo de engajamento se tornou preponderante e essencial na contemporaneidade, dado que o meio digital é parte integrante da sociedade do século XIX, fortalecendo a obtenção de informação e o vínculo entre os usuários defensores de uma determinada causa. Nesse contexto, ainda que esse âmbito favoreça o acesso às discussões políticas, a ascensão de ‘’bolhas sociais’’ é um fator percursos de uma situação problemática.

Em primeira análise, cabe pontuar que, segundo o conceito de ‘’Sociedade em rede’’, do sociólogo Manuel Castells, a evolução de tecnológica viabilizou o surgimento de uma interconexão entre os indivíduos, capaz de alterar dinâmicas tradicionais de poder. Desse modo, o desenvolvimento de fóruns, blogs e grupos em redes sociais permite que os indivíduos compartilhem seus posicionamentos e se aliem parar requisitar mudanças e defender interesses em comum. Por conseguinte, esses aspectos fomentam a formação de uma coletividade crítica e plenamente consciente de seus direitos como cidadão, tal qual foi exemplificado nas manifestações ocorridas no Oriente Médio em 2010, e que regimes ditatoriais foram derrubados a partir da ação popular alentada no ciberespaço. Assim sendo, constata-se que a atuação sociopolítica na esfera digital é fundamental para transformação social.

Ademais, vale ressaltar, ainda, que o fenômeno das ‘’bolhas sociais’’ é resultado do mecanismo informacional utilizado pelas mídias tecnológicas, por qual o conteúdo disponibilizado para o sujeito é selecionado de acordo com os seus interesses e ideologias, não permitindo uma heterogeneidade de concepções. Sob essa lógica, o documentário estadunidense, ‘’O dilema das redes’’, apresenta como essa ferramenta favorece a disseminação de discursos de ódio e manipulação política. Dessa maneira, essa conjuntura se tornou evidente nas eleições presidenciais brasileiras em 2018, onde as redes de comunicação -WhatsApp e Facebook- converteram-se em um espaço de polarização, disseminação de notícias falsas e ataques entre usuários. Nesse sentido, essa limitação transgrede ao caráter interligante proposto por Castells, sendo necessária a alteração desse quadro controverso.

Diante dos fatos mencionados, urge que medidas sejam tomadas para que o ciberativismo seja desempenhado beneficamente. Para resolver esse entrave, urge que o Ministério da Ciência e Tecnologia fortaleça o engajamento social livre da circunstância disruptiva condicionada pelas redes sociais, por meio da criação de um aplicativo de conversação, o qual deve contar, especificadamente, com fóruns de diferentes assuntos e direcionamento para fontes jornalísticas verídicas e imparciais, a fim de possibilitar a união de diferentes ideais que convirjam para o apoio mútuo na luta por avanços, e não para a hostilidade. Dessarte, será possível que as protestações populares sejam exercidas eficazmente, à semelhança da Primavera revolucionária.