No romance " Entre o Céu e o Inferno", do escritor cearense Mário Júnior, a personagem Filomena Silva apresenta duas premissas para a morte de sua bebê após uma forte onda de calor, a saber: a ganância intrínseca do capitalista e a indiferença social no que se refere ao aquecimento global. Tal qual na ficção, hoje, no Brasil, esses pensamentos reverberam como um silogismo silente que gera graves impactos à sociedade. Nesse contexto, faz-se importante discutir as causas, os efeitos e possíveis soluções para o problema.
Em primeira análise, cabe pontuar os fatores que corroboram o problema. Segundo o historiador Gilberto Freire, ao longo do processo de formação do Estado brasileiro - do século XVI ao século XXI -, o setor agropecuário estruturou-se com base na grilagem ( posse por invasão de terras). Nessa conjuntura, inseridos no capitalismo, novos agricultores e pecuaristas visam exclusivamente ao lucro. Não obstante, os cuidados ambientais ficaram sempre em segundo plano. Além disso, os setores industrial e automotivo, crescentes no país, têm contribuído para a emissão de gases do efeito estufa. Logo, constata-se que a nação, seja no setor agrário, seja no industrial tem responsabilidades que estão sendo negligenciadas.
Supervenientemente, deve-se avaliar as consequências dessa conjuntura. A esse respeito, de acordo com o ambientalista Pool Jacques, membro do Conselho de Desenvolvimento Sustentável do Greenpeace, o desmatamento, e o aumento da emissão de dióxido de carbono, elevam a temperatura da terra porque diminuem os purificadores ambientais enquanto aumentam os emissores de poluição. Com isso, o efeito potencializa grandes desastres climáticos como, por exemplo, o derretimento das calotas polares. Portanto, é fundamental que o Brasil integre-se aos protocolos de meio ambiente para contribuir com a saúde do planeta.
Isso posto, o Ministério do Meio Ambiente deve, pois, aumentar a fiscalização sobre a agressão ambiental e sobre as indústrias que utilizam poluentes. Essa ação deve ser realizada através do IBAMA e do ICMBIO, com a finalidade de diminuir o desmatamento e a emissão de dióxido de carbono, adequando-se a agenda dos protocolos sobre o tema. Dessa forma, propiciar-se-á às futuras gerações a possibilidade de combate ao aquecimento global.