Na série "Doctor Cha", exibida pela plataforma de streaming Netflix, é retratada a história de Cha Jung-sook, personagem feminina que desiste da carreira de médica para se dedicar aos cuidados dos filhos, da casa e da sogra, por mais de 30 anos, entretanto é diariamente hostilizado pela falta de empatia de seu marido e de sua sogra que tratam a função de Jung-sook como algo obrigatório. Fora da ficção, a realidade brasileira não difere, uma vez que, numeras mulheres sofrem com o descaso em relação ao trabalho de cuidado no cenário atual do Brasil. Isso ocorre ora pelo preconceito estrutural no ambiente familiar, ora pelo apagamento midiático da causa.

Sob esse viés, vale ressaltar o núcleo familiar como obstáculo a ser sanado. Diante disso, a teoria psicanalítica freudiana aborda a influência parental como principal construção do indivíduo. Consequentemente, o conceito patriarcal no ambiente familiar é perpetuado há anos, no qual o homem é visto como base da família e as figuras femininas são colocadas como responsáveis por tarefas que incluem o cuidado da casa, dos filhos e dos idosos da família, este comportamento gera o preconceito de gerações pela influência familiar que estabelece precocemente funções ultrapassadas de serviços por gêneros opostos. Dessa forma, há o desafio de acabar com esse padrão que sobrecarrega as mulheres na sociedade.

Outrossim, nota-se a invisibilização pelos meios midiáticos referente a causa debatida. Na obra "Número Zero", do escritor Umberto Eco, é relatado na ficção um aspecto da mídia brasileira, visto que, no romance, um grupo de redatores transmitem apenas o que gera lucro para eles, acarretando na falta de visibilidade de notícias e pautas importantes. Analogamente, o cenário contemporâneo do Brasil reflete a obra fictícia, na qual cuidadoras raras vezes são protagonistas nas redes de comunicação. Assim, há o distanciamento da comunidade com a realidade de diversas mulheres na situação de trabalho como cuidadoras.

Infere-se, portanto, a necessidade de medidas que tragam visibilidade para o trabalho de cuidado realizado por mulheres no Brasil. Cabe assim, ao Ministério da Mulher, em parceria com o grande meio de informações, a Mídia, investir em propagandas publicitárias que mostrem a importância do trabalho como cuidadora através de casos de mulheres reais responsáveis por esse trabalho, para assim destacar a necessidade destas na sociedade hodierna. Logo, o núcleo social evitará situações como a de Jung-sook no cotidiano do Brasil.

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