O poema dramático "Navio Negreiro" de Castro Alves descreveu as más condições e a opressão que os africanos sofreram, sendo retirados de seus países de origem para serem escravizados no Brasil. Embora um pouco mais de uma centena de anos tenha se passado após a abolição da escravatura e a conquista por direitos mais igualitários, o racismo se estruturou em diversas áreas do Brasil, como no futebol, que sofreu uma forte influencia da posição social dos negros durante o processo histórico mundial.
Nesta perspectiva, é de suma importância compreender as decisões da metrópole portuguesa sobre a chegada dos africanos no Brasil colonial. A partir dessa época, foi construído uma noção de que os negros eram uma sub-raça, a fim de legitimar os abusos cometidos sobre eles ao transformá-los em mercadorias, censurando toda cultura que poderia vir de fora. Os impactos desse apagamento histórico podem ser sentidos até hoje na educação brasileira, abrindo margem para que várias discriminações ainda persistam à ação do tempo. Exemplo disso é o caso do jogador Vinícus Jr., que no Atlético de Madrid fizeram um boneco dele sendo enforcado, em referência à Ku Klux Klan.
Ademais, outro importante período para se entender o racismo presente no país é durante a política de embranquecimento da população proposta no governo de Campos Sales, protagonizado pelo cientista João Batista de Lacerda e outros. A medida foi adotada seguindo a teoria positivista e eugenista daquela década, e tinha como objetivo a eliminação de pessoas que não correspondiam às características físicas dos europeus, em uma clara inferiorização aos descendentes de negros e indígenas, que ainda mal eram vistos como cidadãos.
Em suma, o racismo estrutural encontra-se presente até nas áreas do esporte brasileiro, correspondendo a casos de agressão tanto física quanto moral aos jogadores e torcedores. Entende-se que é necessário que se inicie um projeto de ações governamentais para abarcar com estes problemas que atravessam gerações, focando nas áreas da economia e da educação. Este grupo minoritário deve ganhar espaço em cargos políticos importantes, onde podem se organizar em busca por seus direitos e aprimorar os que já foram conquistados, e também uma participação a mais nas grades curriculares sobre as raízes africanas do país.