Manipulação infantil

A Revolução Industrial, movimento ocorrido inicialmente na Inglaterra, nos forneceu o legado de uma sociedade cada vez mais consumista, visando a ampliação do mercado consumidor e, consequentemente, o lucro. Para tal avanço, as propagandas publicitárias têm se mostrado um meio primordial no processo de propagação do modelo capitalista na sociedade atual. As principais vítimas da publicidade desenfreada no Brasil são as crianças, que são influenciadas pelos jogos de cores e seus personagens favoritos, e acabam tendo uma má e precipitada apresentação ao mercado consumidor, podendo gerar problemas físicos e psicológicos no futuro. Tal medida deve ser limitada pelo Estado, para garantir que crianças deixem de ser usadas e manipuladas por sua ingenuidade.
Conforme a teoria da tábula rasa, formulada por John Locke, todos os indivíduos nascem como uma folha em branco, a qual será preenchida através das experiências e conhecimentos adquiridos no decorrer da vida a partir das circunstâncias e ambientes impostos, contribuindo assim para a formação da personalidade e caráter humano. A publicidade infantil interfere nesse processo tendo em vista a sua intromissão no desenvolvimento natural da criança e manipulação intelectual, instigando princípios capitalistas extremos e desregulados, desviando a formação saudável e criando uma ilusão em que não há o uso correto do dinheiro nem a sua real valorização.
Para a continuidade do sistema de produção em massa é de extrema importância a atração dos indivíduos por determinado produto. Segundo Karl Marx, filósofo criador da ideologia marxista, essa atração é conquistada a partir do fetichismo da mercadoria, que é associada à necessidade de obter certo produto para assim alcançar a felicidade. Se até mesmo adultos muitas vezes são persuadidos pela idealização contida nas propagandas, não se seria de estranhar o fascínio infantil pela mesma. Essa apelação se torna prejudicial ao seu desenvolvimento à medida que, desde cedo, eles são inseridos em uma sociedade
exclusiva em que a posse de brinquedos sofisticados, ou a falta dela, define os ciclos de amizade e o tratamento que lhes serão oferecidos, formando um padrão de aceitação a partir de uma mercadoria.
Vendo a publicidade infantil sob essa ótica, é fundamental a intervenção do Estado na proibição parcial dos comerciais direcionados ao público infantil, além da implementação de leis e medidas rígidas que punam empresas que excederem seu limite publicitário. Para complementar as medidas do Estado, é de suma importância o incentivo dos pais e escolas, visto que têm papel essencial na formação dos jovens, ao consumo consciente, oferecendo discussões e atribuindo-o à grade de aulas a fim de contribuir para uma geração mais prudente e menos vulnerável, em que a inocência infantil não seja consolidada como uma ferramenta lucrativa.