Há uma frase do personagem Dumbledore, da saga Harry Potter, que diz que as palavras são a nossa fonte inesgotável de magia, capazes de ferir pessoas, mas também de remediá-las. Exemplo disso foi uma experiência que eu vivi há alguns anos atrás, quando a professora passou um trabalho para ser feito em duplas. Eu e minha amiga logo marcamos de fazê-lo na quinta-feira à noite e eu fui até a casa dela quando o dia chegou. Começamos então a conversar sobre como faríamos a tal maquete pedida e, em um certo momento, nós nos desentandemos e, para me ofender, ela me chamou de egoísta.
Assim que ouvi aquela palavra, o meu corpo começou a tremer de nervosismo. De todas as palavras e xingamentos que ela poderia ter escolhido, egoísta era a que mais me feria. Afinal, como ela poderia chamar de egoísta alguém que tinha trabalhado o dia inteiro para poder sustentar a família? Como ela podia chamar de egoísta alguém que abdicava de seu próprio lazer para cuidar de seus irmãos enquanto os pais trabalhavam? Pois esse é o meu papel e eu não acredito que essas tarefas possam ser feitas por alguém egosísta.
Sem perceber, eu acabei fazendo essas perguntas em voz alta e a minha amiga ficou boquiaberta ao final de tudo. Logo ela também me pediu perdão e eu o aceitei por acreditar que ela estava sendo sincera.
Depois de feito o trabalho, nós nunca mais nos falamos. Contudo, por mais que tenha perdido uma amiga, eu não me sinto totalmente triste, porque sei que nós duas aprendemos valiosas lições: ela aprendeu sobre não rotular pessoas sem ter conhecimento do que se passa na vida dela, e eu entendi sobre o poder das palavras.