No seriado "Brooklyn 99", o preconceito sofrido pelo capitão Holt é visto no ambiente de trabalho. Negro e homessexual numa época ainda de dinâmica mais conservadora e preconceituosa, Holt usa da hierarquia policial para tentar mudar as remanecências ainda fortes do rascimo que sofreu. Fora da ficção, faz-se necessário a percepção do preconceito cultural e identitário existente na sociedade, que, por meio da indiferença, cerceia a harmonia da vida civil.
Em primero lugar, é preciso reconhecer que a indiferença se vê presente nas próprias ações governamentais para a resolução do problema. Isso porque, apesar de haver a garantia jurídica da igualdade racial desde a promulgação da Constituição Federal de 1988, é fato que muitos brasileiros continuam a ser alvos de rascismo no ambiente de trabalho, tendo sua integridade infrigida.
Outrora, mesmo ápos um século da abolição da escravatura, a população negra permanece, na maioria das vezes, à margem dos espaços de prestígios. Porém persiste a luta deles pela liberdade plena, que hoje se traduz em representatividade e mais espaço de poder, assim como fez o capitão Holt.
Desse modo, os avanços na política de inclusão racial no Brasil, ainda continuam pontuais e resultam de pressões da sociedade. O país permanece sem uma política de Estado coordenada, ampla, que ultrapasse governos e esteja presente em diferentes pastas, como o Ministério da Justiça – com políticas públicas mais precisas e o Ministério da Educação – com ações de conscientização em eventos e materiais didáticos. Só assim, ultrapassando ações pontuais, será possível minimizar de forma mais efetiva o abismo racial que ainda assola o país.