A Constituição Federal de 1988, documento jurídico mais importante do país, prevê em seu artigo 5° que todos são iguais perante a lei. Conquanto, tal prerrogativa não tem de reverberado com ênfase na prática quando se observa a inclusão de ex-detentos no mercado de trabalho brasileiro, dificultando, deste modo, a universalização desse direito. Diante dessa perspectiva, faz-se imperiosa a análise dos fatores que favorecem este quadro.

A princípio, é importante apontar a indiligência do Estado intensifica a dificuldade na inclusão. Esse contexto de inoperância nas esferas de poder exemplifica a teoria das Instituições Zumbis, do sociólogo Zygmunt Bauman, que as descreve como presentes na sociedade, porém, sem cumprir sua função social com eficácia. Sob essa ótica, devido a baixa atuação das autoridades, temos aumento no número de assaltos, tráfico de drogas e, consequentemente, assassinatos.

Ademais, é fundamental apontar o preconceito como impulsionador do problema no país. No drama sul-coreano "Itaewon class", o protagonista é preso injustamente antes de terminar o ensino médio. Após a soltura, ele é impossibilitado de dar continuidade à sua educação, justamente por preconceito da sociedade com ex-presidiários. Assim como o protagonista, milhares de ex-dententos brasileiros são impedidos de seguir adiante com a vida por julgamentos da sociedade, gerando assim, aumento no número de desempregados no país.

Depreende-se, portanto, a necessidade de combater a indiligência do Estado e o preconceito. Para isso, o Governo - como garantidor dos direitos individuais-, junto com grandes empresas, deve criar programas para a inclusão dos ex-presidiários nas mesmas, assim como a disponibilização de cursos profissionalizantes com parceria do Ministério da Educação, a fim de auxiliar na mudança de vida e na autoestima dessas pessoas. Só assim, a teoria das Instituições Zumbis será mitigada da nossa realidade.