Manoel de barros, grande poeta pós-modernista, desenvolveu em suas obras uma teologia do traste, cuja principal característica reside em dar valor às situações frequentemente esquecidas ou ignoradas. Segundo essa logica, faz-se preciso, portanto, valorizar também a problemática do assédio sexual no transporte público, visto que é uma realidade no Brasil. Diante disso, a insuficiência de ações governamentais e debates sobre o tema podem explicar esse cenário.
A princípio destaca-se a forma como o estado é falho. De acordo com o filósofo francês, Rosseau, as leis existem para encaminhar a justiça ao seu objetivo. No entanto, essa ideia se distancia da prática brasileira, pois o regime do país falha na fiscalização e na punição aos que cometem esse crime, além de não alterar a maneira de se realizar a denúncia, que é extremamente burocrática. Dessa forma, pode-se perceber que isso ocorre, pois, não se trata essencialmente de uma questão financeira, mas sim de um entrave político.
Ademais, a falta de debates sobre o assunto representa uma das mais relevantes consequências dessa conjuntura. Diariamente, mulheres são assediadas em transportes públicos, entretanto, como a sociedade normalizou tal delito, poucas delas denunciam. Um exemplo disso é apresentado na série "sex education" da netflix, onde personagem Aimee é vítima de uma importunação sexual em um ônibus, com um ato obsceno e sofre bastante para conseguir denunciar e superar o crime. Posto isso, fica evidente que tais agressões deixam enormes traumas na vida de diversas mulheres, porém, por vergonha ou até medo, não acusam os culpados por tal comportamento.
Torna-se evidente, portanto, que a situação é grave e deve ser alterada. Logo, é preciso que as prefeituras-haja vista sua função principal de visar o bem coletivo-realize campanhas de conscientização para informar a sociedade que assédio sexual em transporte publico é sim, considerado um crime. Essas ações serão realizadas em redes sociais, com o auxílio de influenciadores digitais. O fito dessa medida é conscientizar a população sobre essa importunação sexual. Ademais, o poder público deve criar espaços físicos em locais de transporte público, de modo a acolher as vítimas para ajudá-las com o trauma e incentivar e agilizar as denúncias.