Um levantamento realizado pelo IBGE aponta que, no Brasil, 17,3 milhoẽs de pessoas, ou seja, 8,4% da população brasileira, possui algum tipo e deficiência. Quando falamos sobre pessoas com algum tipo de deficiência física, sua inserção e papel na sociedade, falamos também sobre as dificuldades e os preconceitos ainda existentes no mercado de trabalho e no âmbito educacional.
O processo de alfabetização e desenvolvimento de coordenação motora e criativa são elementos imprescindíveis na vida de uma criança, por isso requer ambientes e profissionais capacitados para tal tarefa. No entanto, um estudo da plataforma QEdu, realizado a partir de dados do Censo Escolar 2016, mostrou que apenas 26% das unidades de ensino públicas do país têm dependências acessíveis para acolher crianças com algum tipo de deficiência. Nas particulares o número sobe para 35%.
Se torna quase impossível esperar que essas pessoas, em algum momento da vida, recebam uma educação de qualidade quando há escassez de instituições aptas e recursos financeiros, já que 4,3 milhões de pessoas com deficiência são apontadas em famílias de baixa renda. Logo, se não são amparadas e acolhidas por uma sociedade inclusiva, uma sociedade que está empenhada em fazer com que essas pessoas, apesar de possuir alguma deficiência, recebam um apoio adequado, equidade nas escolas, por conseguinte, no mercado de trabalho, estes dados tendem a aumentar. Vale lembrar que, na maioria dos casos, mesmo sendo portadora de alguma deficiência, se a pessoa em questão tiver em mãos um ambiente acessível e capaz de atender e suprir a sua necessidade, é totalmente capaz de evoluir e produzir como qualquer outro cidadão. Claro que a questão não é ignorar por completo as condições do portador, mas enxergar a sua deficiência como diversidade, não como problema. Porém este incentivo e apoio deve estar presente desde o início, na infância, ou seja, nas escolas.
Todo ano é debatida e discutida a democratização e o livre acesso à educação, porém, no Brasil, 30% dos portadores de deficiência são analfabetos, de acordo com o IBGE. Neste caso, faz-se necessário, de acordo com os dados mencionados, um reajuste ou uma readaptação no setor educacional para que o mesmo esteja suscetível a receber e preparar social e intelectualmente pessoas com algum tipo de deficiência. Como por exemplo, a inserção da linguagem brasileira de sinais (LIBRAS) em todas as escolas, facilitando assim a comunicação de deficientes auditivos. Também seria interessante a disponibilização conteúdos em braile, como diversidade de livros nas bibliotecas, evitando a sensação de exclusão a um deficiente visual e incentivando a prática da leitura por meio deste método. Por que não menos escadas e mais rampas? E, claro, profissionais devidamente capacitados e conteúdo adaptados, porém produtivos, para pessoas que apresentam alguma deficiência mental ou retardo.
É indiscutível a importância de uma boa base educacional na vida dessas pessoas, para que desenvolvam suas capacidades, aprimorem e até mesmo superem, quaisquer dificuldades que venham a apresentar. Implantar ideias que facilitam a vida dessas pessoas de forma justa e adequada, nos tornam pessoas inclusivas, não capacitistas, que encaram a deficiência como impotência e invalidez.
Muitos métodos devem ser aplicados, muitas técnicas precisam ser adotadas, mas principalmente, o interesse de um governo omisso, que ignora completamente o próprio descaso e o da sociedade como um todo perante essas pessoas, que são, sim, capazes de viver e produzir normalmente com suas diferenças, precisa ser despertado.