Segundo a Constituição Federal de 1988, o direito a cidadania e a dignidade da pessoa humana são princípios fundamentais assegurados a todo cidadão brasileiro. Todavia, assim como em “O cidadão de Papel” o escritor Gilberto Dimenstein relata a ineficiência do Estado em cumprir o que versa em lei, a realidade brasileira se mostra semelhante, dado que parcela significativa da população não tem em mãos o principal documento que os fazem, de fato, cidadão – o registro civil de nascimento -, fazendo-se necessário questionar os fatores que mantém essa realidade, para, assim, buscar medidas que possam mitigá-la.
A priori, cabe analisar os motivos pelos quais brasileiros permanecem na invisibilidade social, sendo a ineficiência do Estado, através de sua contundente burocracia, atrelada ao alto índice de analfabetismo funcional, o principal fator contributivo para a persistência da invisibilidade dos cidadãos, uma vez que o Brasil foi considerado pela ONU uma das nações mais burocráticas do mundo, segundo reportagem veiculada pelo portal G1.
Ademais, o “fruto da invisibilidade” traz drásticas consequências para a vida de brasileiros que sobrevivem de forma análoga à indigência, posto que, como não são reconhecidos legalmente, encontram severas dificuldades na tentativa de inserção em programas sociais, como foi o caso de milhares de invisíveis que, por não possuírem identificação civil, segundo reportagem transmitida pelo telejornal Jornal Nacional, deixaram de ter acesso ao benefício “Auxílio Emergencial”, ofertado pelo Governo Federal em prol da mitigação dos efeitos da Pandemia.
Desse modo, infere-se que a falta de registro representa enorme barreira na garantia de acesso à cidadania aos brasileiros. Hodiernamente, para que essa barreira seja quebrada, cabe ao Governo Federal, por meio do Ministério da Cidadania e com o apoio das prefeituras municipais, implementar multirões semanais visando alcançar os “invisíveis” e retirá-los de tal situação por meio da emissão de registros civis e regularização de seus demais documentos.