Na obra “A República”, do filósofo Platão, é idealizada uma organização política pautada numa harmonia social perfeita, livre de conflitos e de adversidades. No entanto, o estigma associado às doenças mentais têm afastado o Brasil na conquista desse objetivo. Esse cenário antagônico é fruto tanto da falta de conhecimento sobre o assunto por parte da população, quanto pelo preconceito com a crença de que essas pessoas são incapazes. Diante disso, torna-se fundamental a discussão desses aspectos, a fim do pleno funcionamento da sociedade.
Precipuamente, é importante pontuar que o preconceito em relação aos problemas mentais deriva da baixa atuação dos setores governamentais, no que concerne à criação de mecanismos que coíbam tais recorrências. Segundo o absolutista Maquiavel, o Estado deve ser o responsável pelo bem-estar de sua população. Entretanto, no contexto social brasileiro, percebe-se que tal premissa não vem sendo plenamente efetivada. Isso acontece devido à falta de atuação das autoridades em promover ações educativas que contribuam para um melhor entendimento a respeito do problema e, consequentemente, diminuir os preconceitos sofridos por essas pessoas. Dessa forma, faz-se indispensável a reformulação dessa postura estatal de forma urgente.
Ademais, é imperativo ressaltar a ideia da incapacidade psicológica como promotor do problema. Partindo desse pressuposto, é notório observar que na maioria das empresas não existem muitos funcionários com síndrome de Down, por exemplo, como é mostrada em uma reportagem do portal de notícias do “G1”, onde revela que grande parte das instituições dificultam a contratação de pessoas acometidas de doenças mentais, pois acreditam que essas não farão o trabalho direito, podendo trazer prejuízos para empresa. Tudo isso retarda a resolução do empecilho, já que o pensamento sobre a falta de capacidade contribui para a perpetuação desse quadro deletério. Dessa maneira, tais comportamentos apresentam um risco para persistência dessa adversidade.
Assim, medidas exequíveis são necessárias para conter o avanço da problemática na sociedade brasileira. Assim sendo, com o intuito de mitigar o estigma sobre os problemas mentais, necessita-se, urgentemente, que o Estado – na responsabilidade de cuidar da sociedade – faça parcerias com psicólogos para que conscientizem sobre os diferentes tipos de doenças mentais e como lidar com cada uma, através de palestras, com o intuito de melhorar a relação entre todos e conseguir uma inclusão social. Concomitantemente a isso, cabe à mídia, por meio das redes sociais, retratar que mesmo fora dos padrões todos têm capacidade para diferentes tarefas. Desse modo, atenuar-se-á, em médio e longo prazo, os impactos nocivos associados às doenças mentais, e será possível se aproximar dos ideais utópicos propostos por Platão.