Ressignificar: verbo transitivo que caracteriza a ação de atribuir um novo significado a algo. De maneira análoga a isso, a arte urbana contempla com o mesmo objetivo; causar impacto no telespectador ao sair dos lugares ditos “consagrados” como museus, teatros e galerias, a tomar espaços nas ruas, além de transmitir mensagens, expressões e críticas a sociedade. No entanto, apesar dos seus atributos, a arte urbana se tornou um desafio a ser enfrentado no Brasil, seja por causa da segregação cultural elitista, seja pelo preconceito da sociedade frente a arte urbana. Diante disso, torna-se fundamental a discussão desses aspectos, a fim do pleno funcionamento da sociedade.

Em primeira análise, é importante ressaltar a visão cultural restrita destinada à produção artística. Nos séculos XV e XVI pintores europeus como Leonardo da Vinci e Sandro Botticelli ficaram conhecidos pelas suas obras renascentistas, a qual era destinada à alta sociedade como a reis e monarcas. Tal restrição fez com que a arte fosse moldada a um nicho da aristocracia da idade moderna ate a época atual. Nessa perspectiva, é evidente que a herança ideológica trazida pela elite perante a autocracia artística, fez com que a sociedade fosse ajustada a ideias hegemônicas onde os cidadãos desprezam muitos tipos da arte como a de rua com manifestações culturais e obras artísticas, que são feitas comumente por pessoas de classe média baixa. Desse modo com a concepção instituída pelas camadas mais altas da sociedade, a arte urbana segundo a visão elitista não é considerado algo do teor artístico, gerando assim exclusão por parte da população.

Ademais é perceptível a discriminação e o preconceito com a arte e os artistas de rua, ao considerar o (grafite), estêncil e pinturas como uma forma de vandalismo. No ano de 2017 o governador do estado de São Paulo João Doria, foi elogiado e criticado por partes prós e contras, pela promulgação do veto de pintar vários muros e viadutos da metrópole de cinza, oque antes eram cobertos por grafite. Tal ação fica evidente a quão estigmatizada é a arte de rua, por serem expostos em lugares públicos, muitos a veem como algo negativo ou vulgar mesmo não tendo o conhecimento sobre a sua importância na comunicação e expressão, uma vez que segundo o filósofo francês Voltaire, o preconceito nada mais é a opinião gerada sem o conhecimento suficiente.

Em vista os fatos supracitados, faz-se necessário a adoção de medidas para que sejam superados os desafios da valorização da arte urbana na sociedade Brasileira. Por conseguinte, cabe a Secretaria da Cultura planejar e implantar políticas públicas de apoio à arte urbana, além de promover concursos para encontrar novos artistas, para assim ser difundida a arte em todas as cidades. Ademais o Ministério da Educação, deve implantar a semana da educação artística em escolas, sejam elas através de oficinas de artes, estimulando os alunos a desenvolverem seus próprios dotes artísticos, além da implantação de palestras feitas por professores e artistas de diferentes tipos de estilos para que a intolerância e o desconhecido sejam sanados. Feito isso atenua-se a médio e a longo prazo o impacto da desvalorização da arte urbana na sociedade Brasileira, só assim a coletividade conseguirá alcançar a valorização adequada da arte e colorir uma cidade cinzenta.