Segundo o escritor Franz Kafka, ser solidário é expressar respeito pela dignidade humana. Contudo, apesar de ser um ato altruísta, a doação de órgãos no Brasil encontra obstáculos para sua plena efetivação. Sendo assim, medidas são necessárias para aprimorar esse processo, comprometido principalmente pela desinformação e por lacunas logísticas.
Diante desse cenário, é perceptível que a falta de conhecimento sobre a doação de órgãos impacta todo o processo e as pessoas envolvidas nele. Nesse sentido, segundo dados de 2018 divulgados pela Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO), mais de 40% das famílias de paciente com morte encefálica recusam a doação. Sob essa ótica, a negativa familiar é, muitas vezes, motivada por tabus, mitos e convicções sociais e religiosas que rodeiam o tema, como o medo da desconfiguração do corpo, a crença na reversibilidade de um quadro de morte cerebral ou o desconhecimento dos procedimentos realizados. Dessa forma, um potencial doador pode não comunicar para sua família o desejo de doar caso faleça, impossibilitando a salvação de muitas vidas.
Além disso, é necessário ressaltar os impactos das falhas logísticas na doação eficaz. Nesse contexto, a série televisiva "Grey's Anatomy” ilustra, em alguns de seus episódios, a complexidade do processo de doação, que envolve não só a retirada da parte corporal, mas também o transporte e a conservação dela até o momento do transplante no receptor. Fora da ficção, fatores como a falta de infraestrutura hospitalar adequada para o procedimento e a carência de equipes médicas especializadas dificultam a otimização desse processo, uma vez que pacientes podem necessitar percorrer grandes distâncias para a operação. Ademais, muitos órgãos possuem um tempo de conservação limitado quando estão fora do corpo, de forma que a demora no transporte pode torná-los inutilizáveis.
Portanto, cabe ao Ministério da Saúde, responsável por assuntos relativos ao bem-estar social, promover o diálogo sobre o tema, por meio de campanhas de incentivo nas redes sociais e da capacitação de profissionais que prestem assistência psicológica às famílias dos doadores, com o fito de combater mitos e tabus que dificultam a doação. Além disso, urge que tal Ministério financie a qualificação de equipes médicas e que, em parceira com o Ministério da Infraestrutura, auxilie no aprimoramento de hospitais, de modo a torná-los aptos para o procedimento. Assim, a solidariedade poderá mudar a vida de milhares de brasileiros.

@jherodrigues, @Felipe082 e @vitoriaca poderiam corrigir a minha redação, por favor?