Na obra “Dom Quixote”, do escritor Miguel de Cervantes, o personagem Alonso Quijano cultivava o prazer pela leitura e explorava sua inclinação imaginária ao projetar seus sonhos, temores e emoções para o mundo fictício. Assim como ocorre com Alonso, as crianças também usufruem da fantasia e, a partir dela, criam novas visões e questionamentos; neste contexto, a literatura contribui na construção da formação infantil. No entanto, um empecilho ao desenvolvimento dos pequenos é que nem sempre há o estimulo à leitura, ficando clara a necessidade de alterações.
Em primeiro lugar, muitas escolas não utilizam os livros literários como um recurso aliado para instigar a curiosidade e o senso crítico dos alunos. A falta de projetos pedagógicos estimulantes em sala de aula e a ausência de acompanhamento dos pais são fatores que desencorajam as crianças, em geral, a não terem o hábito da leitura, uma vez que esses pequenos não têm uma referência que os motive. Além disso, a formação cidadã do indivíduo começa desde a infância, e a literatura pode ser usada para, desde já, combater pré-conceitos, como visto nas obras de Maurício de Sousa, que utiliza seus personagens para dialogar sobre a inclusão de deficientes visuais e físicos, por exemplo.
Outra barreira que compete atenção com escritores destinados ao público infantil é a tecnologia. O problema não consiste nas novas formas de entretenimento, mas no tempo que as crianças se dedicam às redes sociais e jogos eletrônicos, fazendo com que, na maioria das vezes, não haja espaço para a leitura. Desse modo, seus interesses podem se limitar apenas às satisfações do mundo globalizado, provocando um desprendimento às indagações e ao desenvolvimento criativo fomentado pela literatura, como, ainda, o desinteresse pela convivência em grupo.
Portanto, medidas devem ser tomadas a fim de instigar os pequeninos o hábito de ler, visto que a literatura é imprescindível na formação infantil. Para tal, as escolas podem promover rodas de leitura, a criação de peças teatrais baseadas nas obras lidas e a inserção de bibliotecas nas instituições engajarão os alunos ao costume de ler. Ademais, o pais também devem dar o exemplo e acompanhar a desenvoltura dos filhos. Ainda que vivamos na Era Digital, é preciso que os responsáveis organizem os períodos que seus filhos desfrutam da tecnologia para que haja tempo para a leitura. Em casa, contar histórias e ajudá-los a ler aumentarão, assim, o vínculo familiar e farão com que a literatura seja algo prazeroso e não taxado como obrigatório.