Debate-se muito, correntemente, a respeito dos direitos humanos e direito à vida digna - aplicados em diversos âmbitos sociais e assegurado pela Declaração Universal dos Direitos Humanos (DUDH). Violência, mizéria, genocídio e assassinato são, indubitavelmente, as violações mais pautadas na mídia, porém, ao atentar-se às problemáticas mais frequentes no Brasil, nota-se que a violação mais assídua é também a que apresenta maior impunidade: a mizéria. Por que não há punição? Quem deve ser punido? A própria sociedade, pois esta tem o poder nas mãos e não usa-o, usá-lo-ia com vigor caso cortassem a verba do sagrado futebol.
A pobreza é uma grave infração dos direitos humanos, pois limita a fruição de liberdades coletivas e individuais, devido à privação dos bens que conceder-lhe-iam vida digna. Outrossim, gera violência, induz ao tráfico, ao crime e à fome, que estão diretamente associados às demais infrações, como homicídio. Nesse viés, é viável deduzir que a pobreza é a causa de outros problemas e que controlar sua ocorrência é uma maneira de minimizá-los significamente. A esse respeito, o youtuber Felipe Neto - muito seguido no Twitter - publicou um comentário em sua rede social, perfil seguido por mais de 10 milhões de seguidores (tendo como maior público, crianças e adolescentes), no qual afirmou que no Brasil não há fome e nem miséria. Desse modo, o papel do “digital influencer” torna-se um combustível para a disseminação dessa forma de pensamento infundada.
Ademais, vale ressaltar que, pode-se culpar o governo atual ou a política implantada, todavia esse é um fato estrutural, resultado de processos iniciados nos primórdios da formação social do Brasil - bem como a escravidão que gerou uma visão discriminatória acerca dos negros, que passaram a viver às margens da sociedade. Logo, não há um órgão ou alguém para ser punido ou culpado, mas sim o descaso da sociedade que perdura por anos.
O Estado passa a ser regulador, desenvolvendo políticas públicas e sociais baseadas na equidade, além de ceder a cada indivíduo o recurso necessário para o seu desenvolvimento (como investir em educação de qualidade), com o fito de mitigar desigualdades. Cabe à sociedade eleger políticos que estejam engajados com essa causa e que apresentem ideias visionárias e concretas. A família e a escola devem formar jovens conscientes sobre a situação de milhões de brasileiros, pois as novas gerações, quanto mais souberem, mais poderão ajudar.