Em "Todo Mundo Odeia o Chris", série norte-americana, o personagem Perigo é introduzido como vendedor de produtos advindos de uma rede de pirataria. Paralelo à obra de ficção, é fato que a realidade apresentada no seriado não se difere em nada do Brasil Contemporâneo, visto que a aceitação desta usurpação e a baixa renda da sociedade configuram as maiores problemáticas desse cenário.

Em uma primeira análise, é notório destacar que a constante admissão da prática pirata reforça a gravidade da questão. Sob esse contexto, conforme a afirmação "O mais escandaloso dos escândalos é que nos habituamos a ele", feito pela filósofa francesa, Simone de Beauvoir, pode ser facilmente aplicada a este uso desenfreado de produtos não originais, já que por mais indecorosa que seja a ocorrência desse problema, o fato da população se habituar a essa realidade é ainda pior. Desse modo, há a perda dos benefícios sociais e econômicos nacionais e o gradativo apoio a essa ação.

Ademais, cabe ressaltar que a baixa renda da população contribui para o uso da pirataria. Isso se dá porque as pessoas são atraídas pelos preços reduzidos da procura desses produtos por apresentarem a possibilidade de consumo aos quais, de outra maneira, não teriam acesso. Prova disso recai na informação de que o Brasil é o quarto país que mais consome conteúdo ilegal no mundo, conforme o relatório da MUSO (consultoria britânica que rastreia o desenvolvimento da pirataria na internet), tendo um número de 12,7 bilhões de objetos ilegais.

Em virtude dos fatos apresentados, torna-se evidente que o Conselho Nacional de Combate a Pirataria (CNCP) deve elaborar novas diretrizes para o combate a esta infração. Outrossim, cabe ao Ministério da Justiça atuar de maneira mais efetiva e reforçar as leis já existentes ao fiscalizar o crime, intensificando assim a aplicação de leis para que haja uma multa mais rigorosa aos envolvidos nesta violação, além de utilizar os meios de comunicação social que divulgam informações para conscientizar a população sobre os prejuízos que causam economicamente para si mesmo e para o país. Somente assim, poderá enfim pessoas como o personagem Perigo existirem apenas no universo cinematográfico.