Na telenovela brasileira "Malhação-Viva a diferença", produzida em 2017, conta a história de Keyla, uma das protagonistas. Na trama a jovem descobre estar grávida com apenas 17 anos, e enfrenta as dificuldades e conflitos de uma gravidez precoce, junto a inconformação familiar e pressão psicológica. De maneira similar a realidade, nota-se que, no Brasil, a gravidez na adolescência é uma marca constante no país, fomentada pela desinformação acerca da educação sexual, bem como pelas condições de vulnerabilidade social de diversos jovens. Sobre tal óptica, torna-se imprescindível a discussão sobre a problemática em questão e suas consequências psicossociais.
Em primeiro lugar, faz-se necessário destacar que a desinformação civil acerca da educação sexual é fator da gravidez precoce. Segundo o filósofo prussiano Immanuel Kant, o homem não é nada além daquilo que a educação faz dele. Nessa lógica, é perceptível que a falta de orientação de instituições de ensino e das famílias sobre a problemática, vem de encontro com o pensamento kantiano, pelo fato de que, infelizmente, a comunidade brasileira naturalizou um enorme tabu quando o assunto é sexo. Logo, a insciência sobre o óbice, faz com que muitos jovens desconheçam os ricos que uma gestação precoce pode causar à sua vida e ao seu corpo ainda em transformação, podendo acarretar estados clínicos graves a vida de uma adolescente.
Além disso, deve-se ressaltar que as condições de vulnerabilidade social de diversos jovens é agravante do problema, tendo em vista como a problemática atinge as comunidades carentes. De acordo com o geógrafo Miltom Santos, no texto "As cidadanias mutiladas", a democracia só é efetiva quando atinge a totalidade do corpo social, ou seja, na medida em que os direitos são universais e desfrutados por todos os cidadãos. Entretanto, no Brasil, muitos jovens enfrentam as dificuldades da desigualdade social do país, onde adolescentes de zonas periféicas não possuem acesso a educação de qualidade, nem de projetos sociais, nesse caso, o que impossibilita uma perspectiva em relação ao conhecimento e interação acerca do problema.
Portanto, é preciso que o Estado tome providências para amenizar o quadro atual. Para que se diminua os casos de gravidez na adolescência no país, é necessário que o Ministério da Educação, em conjunto com o Ministério de Desenvolvimento, elabore por meio de verbas governamentais, um projeto de prevenção a gravidez precoce, no qual consistirá a adição da matéria sobre educação sexual nas escolas para a conscientização de jovens sobre os agravantes do problema. Continuamente, deve-se encaminhar a criação de campanhas publicitárias em áreas periféricas e centrais, para que as famílias junto aos adolescentes possam conhecer todos os métodos contraceptivos, com intuito de envolver a comunidade no combate à problemática. Se assim for feito, será possível contrapor a desinformação de jovens em diferentes realidades sociais, de modo que como no texto "As cidadanias mutiladas", de Miltom Santos, seja proporcionados direitos que possam atingir a totalidade de todos os adolescentes e, ademais, mitigar conflitos como o de Keyla na telenovela.