- 31 Mar 2021, 19:42
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A obra da artista brasileira, Tarsila do Amaral, “Abaporu”, é tida como símbolo metafórico do brasileiro médio, que tem como marca a falta de reflexão, ao representar, de modo desproporcional, o corpo do ser da obra, que possui uma pequena cabeça em relação aos seus outros membros. De maneira análoga, “Abaporu” também pode simbolizar a debilidade reflexiva acerca do combate às desigualdades entre as regiões do Brasil. Lamentavelmente, essa realidade se deve, principalmente, aos acontecimentos que ocorreram no passado e à inoperância estatal.
Primeiramente é essencial compreender como os fatos históricos contribuíram para a permanência da problemática. Sob esse viés, ao analisar o período imperial, é possível constatar uma ligação com o presente, visto que a família real se instalou no Rio de Janeiro- Região Sudeste do país. Em decorrência disso, o local passou por muitos avanços, como também nos lugares próximos, trazendo consigo universidades, museus, faculdades, bibliotecas, fábricas, jornais etc. Então, enquanto a região se desenvolvia, outras eram ignoradas como o norte e nordeste.
Ademais, é oportuno comentar que o estado dificulta a resolução do tema, uma vez que avança em passos letárgicos. Desse modo, o artigo 3 da Constituição Federal garante erradicar a pobreza e a marginalização, e também reduzir as desigualdades sociais regionais. Contudo, a prática deturpa a teoria, dado que o estado valoriza e se beneficia economicamente do Sul e do Sudeste, o que acarreta no desequilíbrio ao qual se vivencia nos dias de hoje. É, pois, inaceitável que, com um papel elementar no que tange ao bem-estar social, o governo não preserve sua imparcialidade.
Portanto, tendo exposto tais argumentos, é preciso que medidas sejam tomadas para resolver o cenário. Para isso, compete ao estado direcionar recursos para as regiões esquecidas e investir em políticas públicas eficazes que amenizem o problema como a educação, saúde e meio ambiente. E a mídia, por ser responsável pela promoção de informação e de campanhas educativas, além de ser um canal de comunicação, deve mobilizar pessoas e criar propagandas a fim de alertar a população acerca do tema. Assim, a deficiência reflexiva da obra supracitada, de Tarsila do Amaral, não representará mais uma sociedade desconhecida e com dificuldade reflexiva sobre as desigualdades regionais.