A Constituição Federal, promulgada em 1988, assegura a educação um direito normativo. No entanto, percebe-se a não aplicação desse direito, na prática, tendo em vista que ainda há, na sociedade brasileira, desafios para a formação educacional de surdos, o que torna o ensino restrito a um público acessível. Em virtude disso, entende-se que a falta de didática em libras, bem como a carência de professores capacitados apresentam-se como entraves para a inclusão desse grupo.
Sob esse viés, nota-se que o despreparo das instituições escolares barram a acessibilidade de pessoas com deficiência, em especial aos surdos. Nessa conjuntura, segundo Habermas, "Incluir não é só trazer para perto, mas também respeitar e crescer com o outro". A frase do filósofo permite a compreensão de que enquanto o Ministério da Educação não incrementar didáticas de ensino inclusivo, tendo a exemplo, aulas ministradas em libras - Língua Brasileira de Sinais - com aparato de uma disciplina específica para viabilizar a comunicação de surdos, os autistas permanecerão fora do núcleo escolar, o que além de impossibilitar a formação educacional desses indivíduos, verifica-se o não comprimento da Carta Magna de 1988. Logo, é indispensável a alteração da grade curricular do ensino fundamental e médio para democratizar o acesso à educação, por meio da inclusão.
Ademais, vale ainda destacar outro fator responsável pela evasão escolar dos autistas: a escassez de professores fluentes em linguagem de sinais. Nesse sentido, consoante ao filósofo Zygmunt Bauman, em sua obra "Modernidade Líquida" o autor tematiza o conceito de "Instituição Zumbi", na qual as instruções existem, mas não exercem suas funções. Com efeito, muitas das vezes, as normas reguladoras não cumprem com o papel das leis, haja vista a negligência estatal frente à falta de projetos que oferte, de maneira gratuita, curso de libras aos educadores, por exemplo, o que reverbera barreiras para alfabetização dessa parcela. Desse modo, faz-se urgente, medidas que possibilite uma maior visibilidade à comunidade surda.
Portanto, observa-se a necessidade de ações para garantir a educação de surdos no Brasil. Para tanto, cabe ao Governo, por intermédio do Ministério da Educação - principal órgão educacional no país - oportunizar curso de libras aos professores, para que possam ministrar suas aulas aos alunos que carecem dessa intérprete. Juntamente a isso, a escola deve adotar uma disciplina de linguagem de sinais na grade curricular do ensino fundamental e médio, de modo a alcançar uma maior inclusão de deficientes auditivos no ambiente escolar e, posteriormente, na esfera social. Somente assim, poder-se-ia atenuar a instituição zumbi da realidade brasileira.