A série The Good Doctor descreve a carreira de um jovem médico recém formado que possui uma doença mental, retratando, no seu cotidiano, os preconceitos e restrições que sofre em decorrência da sua situação no âmbito social e profissional. Hodiernamente, fora das telas de filmes e séries, o estigma relacionado às doenças mentais torna-se frequente na sociedade brasileira, tanto pelo preconceito enraizado acerca das possíveis limitações intelectuais dos portadores de alguma doença psíquica, quanto pela dificuldade evidenciada na inserção dessa parcela populacional nos meios de trabalho.

Durante a Segunda Guerra Mundial, o líder alemão Hitler eliminava em seus campos de concentração todo ser humano com algum tipo de deficiência – física ou mental -, alegando que a pessoa não possuia a “pureza” necessária para viver em sociedade. No entanto, apesar das modificações positivas acerca da ideia de pluralidade física e psicológica nos meios de convívio, o estigma relacionado às doenças mentais no Brasil evidencia-se como uma problemática contemporânea, visto que o preconceito mantido desde o século passado para a população que exclui pessoas com alguma doença psiquiátrica do ciclo de amizades, de trabalho e até mesmo da familia, interfere no desenvolvimento cultural, financeiro e social desses seres humanos.

Ademais, associado ao preconceito da sociedade pós-moderna, a segregação de quem vive com com algum transtorno mental no âmbito trabalhista reflete na ausência de prosperidade individual e de força de vontade para contornar essas situações sensíveis. Nesse sentido, Milton Santos, em sua obra Raízes do Brasil, apregoava sobre a globalização perversa e os problemas que o consumismo extremo pode causar, o que se relaciona com a realidade da parcela populacional que possui alguma doença psíquica – grave ou momentânea-, uma vez que, a depressão, por exemplo, é a segunda causa de afastamento de trabalho no mundo, o que gera, diante de um olhar egoista de lucro no mercado atual, uma dificuldade ainda maior para essas pessoas de saírem dessa fase ruim.

Torna-se evidente, portanto, que a questão do estigma relacionado às doenças mentais na sociedade brasileira deve ser revisado. Nesse contexto, é de suma importância que o Ministério da Saúde facilite a inserção e a fixação de indivíduos que sofrem com doenças psíquicas tanto no mercado de trabalho quanto nos meios culturais, por intermédio de investimento em profissionais da psiquiatria que atuem em empresas e praças públicas, seja para auxiliar quem sofre com alguma patologia ou quem convive com pessoas na situação de desarmonia psicossocial. Dessa forma, preconceitos enraizados na sociedade atual serão quebrados e a qualidade de vida da população com doenças mentais aumentará, uma vez que o apoio social e profissional são fundamentais para tal modificação.