Na obra de José Saramago "Ensaio sobre a Cegueira", retrata uma doença visual, a qual atingiu inúmeras pessoas. Assim como abordado na literatura, uma cegueira está afetando os sujeitos hodiernos é não identificar os limites das manifestações no globo moderno, em virtude de um legado histórico-cultural de intolerância. Desse modo, tal infortúnio desafia a sociedade, seja pela juridicidade no ambiente virtual, seja pela negligência da diversidade de pensamentos.
É relevante destacar, primeiramente, que o cenário histórico somado com os juízes cibernéticos, potencializam o excesso de autonomia nas demonstrações da contemporaneidade. Nesse sentido, é pertinente considerar a proposta do escritor Manuel Castells em seu livro "Sociedade em rede", o qual destaca como os indivíduos estão interligados por meios tecnológicos. Esse cenário abre espaço para comentários e exposições de pensamentos que extrapolam a liberdade de expressão. Consequência dessa realidade, é o novo fenômeno conhecido como cancelamento, o qual prejudica psicologicamente os sujeitos.
Outrossim, é a inércia social no que tange à diversidade de pensamentos. Nessa conjuntura, a Ditadura Militar no Brasil causou uma repressão exacerbada contra o corpo social da época, apenas anos depois a liberdade foi concedida. Entretanto, hodiernamente, essa exteriorização ultrapassou seus limites, visto que a falta de respeito com ideias divergentes têm sido motivo de diversas tensões sociais. Dessa forma, perpetua-se o avanço do extremismo.
Entende-se, portanto, que a juridicidade da internet, além da negligência da heterogeneidade, fomentam o limiar da liberdade de expressão no globo. Sendo assim, cabe a mídia, por meio de campanhas e propagandas publicitárias, ressaltar o significado da livre manifestação, desde que prevaleça o respeito, com o objetivo de amenizar os conflitos dessa natureza. Ademais, é dever da família orientar crianças e jovens sobre a autonomia das ideias. Dessa maneira, cegueiras sociais similares a da obra serão minimizadas.