Através do livro "Modernidade líquida", o filósofo Zygmund Bauman discute sobre como a felicidade se transformou em um sentimento momentâneo, e em como as relações sociais ficaram fragéis e fluídas, como um líquido, de acordo com que a presença da tecnologia é incluída cada vez mais no cotidiano. É indiscutível a semelhança com o cenário atual em que vivemos, onde a tecnologia torna-se um meio tão cooperativo, sobretudo perigoso, tornando-a uma vilã para a saúde mental. Diante dessa perspectiva, faz-se imperiosa a análise dos fatores que favorecem esse quadro.

Em uma primeira análise, deve-se ressaltar os benefícios que vieram por meio da tecnologia nesse contexto, como a inclusão dos atendimentos virtuais por meio de psicólogos formados ou mesmo as redes sociais que servem como um diário para desabafar. Essas mesmas redes se tornaram a origem dos "gatilhos", termo dado para expor que alguma coisa que é mais do que alguém poderia suportar. Uma garota insegura a respeito de seu peso pode se sentir bem ao ver alguém como ela nas redes, ao mesmo tempo que pode levar um gatilho de insegurança, se for alguém considerada padrão.

Torna-se fundamental apontar a falta de responsabilidade e de suporte dentro das redes, pois são elas os maiores canais utilizados para golpes e chantagens emocionais, que também afetam nossa saúde mental.

É notável, portanto, a necessidade de se combater essa ausência de suporte emocional. Para isso, os desenvolvedores dessas plataformas se uniriam aos que fazem parte dela, por intermédio de criar mecanismos seguros que seriam ativados automaticamente, na função de perceber algo de errado com o usuário, principalmente nas mensagens diretas, livrando-os de golpes e chantagens também, como uma denúncia automática eficaz. E uma parte da rede dedicada a mensagens de apoio, que seria monitorada para não haver ataques de ódio. Assim sendo, as redes poderiam colaborar verdadeiramente para a saúde mental, libertando-se aos poucos dessa modernidade líquida de Bauman.