O quadro “O Grito”, do pintor Edvard Munch, apresenta um ser humano perplexo diante da realidade. Analogamente, evidencia-se, no contexto brasileiro, a perpetuação desse sentimento de perplexidade, sobretudo no que diz respeito ao alto número de crianças desaparecidas. Nesse sentido, o “retardamento” das ações dos órgãos policiais e a negligência dos pais são apontados como os principais responsáveis pelo aumento do número de menores desaparecidos e, por isso, precisam ser combatidos.

Em primeira análise, afirma-se que o “retardamento” das ações dos órgãos policiais, ou seja, a lenta condução das investigações, agrava, exponencialmente, os casos de desaparecimento, visto que reduz as chances de se encontrar os infantos. Sobre isso, dados retirados do site “observatório 3” revelam que a probabilidade de uma criança ser encontrada após decorridas 43 horas cai para 30%. Não obstante, segundo o filósofo Rousseau, “o Estado deve garantir ações que assegurem o bem-estar na vida em sociedade”. Seguindo essa linha de raciocínio e tendo em vista que o desaparecimento de crianças impossibilita a plena consolidação do bem-estar social, salienta-se a necessidade de uma reformulação das ações policiais do Estado em casos de desaparecimento.

Em segunda análise, a negligência dos pais também contribui para o aumento do número de crianças desaparecidas. Sob tal ótica, alega-se que os menores menos fiscalizados estão mais suscetíveis ao desaparecimento, uma vez que eles são mais vulneráveis. Ainda nesse contexto, de acordo com o filósofo Immanuel Kant, “o homem é aquilo que a educação faz dele”. Paralelamente a esse pensamento, nota-se a necessidade de um modelo educativo eficaz para promover a conscientização dos pais acerca dos cuidados com os filhos.

Portanto, medidas são necessárias para reduzir o alto número de crianças desaparecidas no Brasil e para eliminar o sentimento de perplexidade proposto por Edvard em sua obra. Assim, a Secretaria de Segurança Pública – órgão do Estado responsável pela manutenção da ordem social – deve, por meio da elaboração de projetos e de campanhas, visar reduzir o “retardamento” das investigações, para ampliar as chances de recuperação das crianças desaparecidas. Além disso, o Governo ainda deve, por meio da elaboração de campanhas sociais abrangentes, buscar educar e conscientizar os pais acerca da importância da fiscalização contínua dos filhos, porque, somente com isso, as crianças poderão ter o bem-estar garantido sem o risco de desaparecimento.