Vivendo o futuro
No filme "Antes de partir", um bilionário e um mecânico, ambos idosos, ficam internados em estado terminal no mesmo quarto de hospital. Ao se conhecerem, decidem escrever uma lista de desejos e realiza-lá antes de morrer. Para isso ser possível, o milionário custeia as despesas do mecânico, para que os dois aproveitem o tempo de vida que lhes resta. Fora das telas do cinema, são poucas as pessoas de maior idade que conseguem realizar todos os seus anseios em vida, visto que ao envelhecerem, acabam se deparando com o abandono estatal e muitas vezes familiar, compactuando com a baixa qualidade de vida e preocupações constantes acerca da saúde mental e física.
É preciso considerar, primeiramente, as causas da negligência com a população idosa no Brasil. Durante a era Vargas, o processo de industrialização do Brasil cresceu exponencialmente e, em decorrência disso, o êxodo rural aumentou também, dado que as pessoas iam para as cidades atrás de uma vida melhor, maravilhadas pelas novas leis trabalhistas. Como consequência desse processo, a taxa de natalidade também caiu, dado que não era mais necessário ter tantos filhos, uma vez que o trabalho no campo deixou de fazer parte das suas rotinas e não era mais necessário tanta mão-de-obra. Isso acarretou em uma crise previdenciária na contemporaneidade, resultando em menos dinheiro para a maior idade.
Outrossim, a continuidade desse infortuno provoca uma sensação de exclusão na população idosa. Infelizmente, esse pressentimento em muitos caso é verdadeiro, haja vista que como a aposentadoria muitas vezes é baixa, principalmente nas classes sociais mais humildes, os anciões ficam sem ninguém para cuidá-los, quando não há um bom relacionamento com a família ou quando não possuem familiares, indo parar em um asilo, esperando o tempo passar, sem vontade de viver, ocasionando um efeito dominó nas gerações mais novas, fazendo-as ter medo de envelhecer.
Sendo assim, medidas são necessárias para resolver o impasse. Dessa forma, cabe ao Ministério da Cidadania em conjunto com Organizações não governamentais (Ongs), mediar a criação de grupos de idosos, projeto que deverá ser nomeado de A Melhor Idade, que visa melhorar a qualidade de vida dos vetustos, por meio da boa alimentação, socialização e prática de exercícios físicos. Ademais, o Ministério da economia deveria elevar as aposentadorias acompanhando a inflação. Ambas as ações deverão ser feitas com dinheiro público e com a meta de garantir a maior idade no Brasil, para que os idosos não necessitem de um bilionário para serem felizes.