Em "Harry Potter", universo fantástico de J.K. Rowling, os gêmeos Weasley abandonam a instituição de ensino de magia e bruxaria  — Hogwarts. Nesse sentido, juntos, vão trabalhar numa loja de utilidades. Fora da ficção, a realidade apresentada pela autora pode ser relacionada à conjuntura brasileira hodierna: questões de âmbito socioeconômico atreladas ao modelo de docência ainda vigente dificultam o combate à evasão escolar e subterfugiam a persistência do impasse.

Em primeiro plano, para o sociólogo Karl Marx a economia é a base da sociedade, dessa forma, a desigualdade social promovida a partir da engrenagem capitalista configura pilar para o imbróglio. Nesse ínterim, muitas pessoas com dificuldades financeiras precisam abdicar da escola para trabalhar e, assim, garantir uma renda mínima para a sobrevivência. Tal fenômeno cria um ciclo que se retroalimenta: enquanto os cidadãos mais abastados seguem os estudos e, por meio deste, podem ascender socialmente, os menos favorecidos evadem as instituições de ensino, sem perspectivas de crescimento monetário.

Sob outro ângulo, os modelos educacionais vigentes dão azo à problemática, haja vista que segundo o relevante educador Paulo Freire, a educação no Brasil tem sido "bancária". Nesse modelo, em vez de tornarem-se sujeitos autônomos, os alunos atuam passivamente na construção do conhecimento, o qual se dá de maneira vertical, conteudista e pouco sólido. Concomitantemente, nas salas de aula canarinhas tal quadro fica evidente e se manifesta através do desinteresse dos estudantes frente às monótonas, repetitivas e pouco motivadoras metodologias de aprendizagem   —  propiciando a vontade de evasão por parte destes discentes.

Destarte, medidas que mitiguem o impasse são necessárias. A fim de combater a evasão escolar, cabe ao Ministério da Educação, vide insumos do Tribunal de Contas da União, a realização de uma reforma dos modelos educacionais vigentes, através da elaboração de um projeto de lei a ser entregue à câmara dos Deputados.  Neste deverá constar novas estratégias metodológicas e de ensino-aprendizagem a serem postas em prática nas escolas públicas e privadas. Dessa forma, criar-se-á cidadãos mais autônomos e afastar-se-á da realidade apresentada por J.K. Rowling, em Harry Potter.