Segundo Zygmunt Bauman, sociólogo polonês, a falta de solidez nas relações sociais, econômicas e políticas é característica da "Modernidade Líquida", iniciada no século XX. Esse cenário, marcado pela ausência da ideia de contenção e de pensamentos a longo prazo, ainda é possível ser observado nos dias atuais, inclusive em questões desafiadoras frente aos novos crivos demográficos. Nesse contexto, torna-se necessária a análise dos desafios do envelhecimento no Brasil, intrinsicamente relacionados a fatores político-estruturais e socioeconômicos.

Em primeiro lugar, é indubitável discutir a face política da problemática. Nesse sentido, embora a Constituição Federal de 1988 assegure o direito de longevidade saudável, isto é, condições benéficas ao envelhecimento dos idosos; na prática, essa garantia constitucional não é amplamente efetivada. Isso acontece devido à falta de médicos especializados em Geriatria – área da medicina que trata de patologias dos idosos – tanto que, esses profissionais dificilmente atuam no setor público. Desse modo, limita-se o acesso a indivíduos mais ricos. Além disso, percebe-se a escassa rede de socialização para idosos nas cidades, de forma que o isolamento social torna-se frequente. Então, a deficiência estrutural brasileira, nesse panorama, foge de uma longevidade saudável, conforme explícito na Constituição Cidadã.

Em segundo lugar, vale mencionar o lado econômico do tema em destaque. Atualmente, de acordo com o IBGE, o Brasil se encontra no "Bônus Geográfico", ou seja, a maioria de sua população está apta a exercer algum tipo de trabalho. No entanto, essa situação próspera não será a mesma nos próximos anos, uma vez que a pirâmide etária nacional tende, futuramente, ao registro de uma população majoritariamente idosa. A partir disso, infere-se um maior gasto na previdência social, mesmo que mais de 70% da população brasileira encontra-se na linha da miséria. Isso acarreta em um grave problema social, visto que a condição financeira da população não é condizente a nesse novo ajuste de gasto da previdência. Dessa forma, entende-se que o processo de transição demográfica do país será marcado por problemas de ordem socioeconômica.

Portanto, é de fundamental Importância a alteração da problemática em vigência, com a adoção de novas perspectivas e mudanças. Sendo assim, cabe ao ME (Ministério da Economia) – instituição de alta relevância para o país – criar um projeto de socialização municipal entre os idosos, que inspire a coletividade nesse âmbito, por meio da destinação de verbas às prefeituras das cidades, a fim de que condicione esse setor populacional à longevidade empática e saudável. Ademais, urge a partipação do INSS, por intermédio de palestras pedagógicas, que orientem o entendimento sobre a previdência social. Como resultado, garantir-se-á o combate à liquidez contemporânea, teorizada por Bauman.