Os Jogos Pan-Americanos, a conferência Rio +20, a visita do Papa Francisco, a Copa do Mundo de 2014 e, em breve, as Olimpíadas de 2016 serão afins como símbolos de cartões postais aos megaeventos brasileiros. Nessa perspectiva, os investimentos em segurança pública tornaram-se imprescindíveis para prevenir incidentes criminais e dar maior suporte ao Estado. No entanto, cabe questionar se essa assistência é eficaz ou temporária, no que tange ao bem-estar da população.
Devido aos atentados terroristas a Paris, em 2015, o Brasil, que atrairá os olhares internacionais ao sediar as Olimpíadas, teme tornar-se um alvo do Estado Islâmico. Ainda que a terra tupiniquim esteja distante dos pontos de tensões geopolíticas, os jogos trarão cidadãos e chefes de Estado de outros países que são visados. Dado esse fator, o governo mobilizará 85.000 interventores, entre agentes das forças armadas e policiais; porém, a preocupação é que esse esquema de proteção ronde apenas áreas privilegiadas pelas atrações esportivas, enquanto áreas periféricas continuam marginalizadas. Isso fica claro com a citação frequente de tais grupos que virão ao país quando o assunto é a vigilância, deixando de lado os que já estão aqui – e nem sempre são vistos.
Embora a segurança desses megaeventos contenha possíveis infortúnios e reduza a criminalidade, não há uma divisão igualitária às outras áreas da cidade, que, por vezes, ficam até desamparadas. Exemplo disso é a Favela da Maré, no Rio de Janeiro, que passará por um processo de pacificação meses prévios aos Jogos Olímpicos, pois sua localidade está entre o centro da cidade e o aeroporto internacional. Assim, nota-se que o poder público exibe falhas de planejamento e investimento às regiões mais pobres, uma vez que esse assistencialismo é um direito a todos indivíduos, como afirma a Constituição de 1988.
Portanto, é perceptível a importância da segurança pública na coordenação de megaeventos, mas faz-se necessário a ampliação desse zelo para além de datas memorativas, a fim de que, no cotidiano, a população sinta-se amparada. Para tal, faz-se urgente a inclusão de guardas e policiais tanto nas áreas periféricas quanto nas mais distantes; como também uma comissão verificadora desses cuidados, comandada por ONGs. Ademais, reuniões mensais com atuantes do município e representantes comunitários favoreceriam o acompanhamento dos problemas de cada região. Desse modo, as Olimpíadas deixarão os frutos de progressos sociais e o incentivo de um cartão postal inspirador a ser seguido.