Milhões de brasileiros não foram registrados quando nasceram. A certidão de nascimento é o primeiro documento de uma pessoa a ser registrado e o primeiro passo para a inclusão social, já que o mesmo estabelece a existência de um ser conforme a lei. Sem a certidão de nascimento não têm carteira de identidade, CPF, carteira de trabalho, PIS, nem título eleitoral.
Os indivíduos que não possuem os principais documentos têm dificuldades no acesso aos serviços públicos como saúde, educação e aos programas de assistência do governo. O último dado do IBGE de 2015, calculou que três milhões de pessoas viviam nessa circunstância. Tal situação, geralmente acontece porque os pais também não possuem os documentos e isso dificulta a solicitação do registro do filho.
Diante da pandemia do Covid-19, a falta de documentação preocupou ainda mais, porque além de não conseguir solicitar o auxílio emergencial, oferecido pelo governo federal a trabalhadores atingidos pela crise, também não conseguiria dar entrada no hospital em caso de emergência, visto que precisa de identidade ou pelo menos a certidão de nascimento. A falta de registro é uma questão que precisa ser tratada com muito interesse pelos organismos competentes.
Por conseguinte, a inexistência de documentos envolve o problema da cidadania, pois quem não detém certidão de nascimento não existe oficialmente e não pode exercer os seus direitos. Dessa forma, o governo deveria criar programas, ONGs ou leis voltadas para pessoas sem documentação, buscando que elas sobrevivam numa economia de mercado e tenham capacidade de gerar sua própria renda, e poder usufruir de seus direitos como cidadão legal.