aoEscravos do Padrão

Desde os tempos primordiais, a beleza é algo extremamente enaltecido em nosso meio. Platão e Aristóteles já a definiam como essencial para a formação humana. No entanto, devido a influências midiáticas cada vez mais frequentes, são impostos estereótipos tão longes da realidade que geram complicações tanto mentais quanto físicas.
Todos os dias somos bombardeados por imagens de corpos perfeitos, sejam eles em redes sociais, revistas ou na televisão. Contudo, na vida real, esses padrões são quase impossíveis de ser alcançados. Assim, transformando a sociedade em pessoas frustradas e inimigas de si própria, igualmente no episódio “Queda Livre” da série Black Mirror, onde a personagem principal busca uma vida similar a das pessoas que possuem nota maior que 4, indo além de seus limites para ser semelhante a eles. Essa procura desenfreada por aceitação acarreta em milhares de homens e mulheres problemas irreversíveis.
Por consequência disso, apenas 4% das mulheres estão satisfeitas com o seu corpo. Essa insatisfação possui ligação direta com a baixa autoestima e limitações do desempenho psicossocial, associando-se a quadros depressivos. Além disso, essas padronizações não respeitam os biotipos. As pessoas possuem sua peculiaridade e escolher apenas uma forma pra representar o que é belo é desumano. Atualmente, o Brasil é o líder mundial no ranking de cirurgias plásticas e procedimentos estéticos, que são feitos, frequentemente, de forma irresponsável e cruel, provocando sequelas cujas consequências são comorbidades por toda vida, se não a morte.
Desse modo, essa representação corporal precisa ser refletida, tanto pelo indivíduo como na sociedade, desprendendo-se dessa visão limitada e aceitando-se, pois, de acordo com o filósofo americano William James, a partir do momento que o ser humano muda sua atitude mental, ele pode mudar sua vida. Por outro lado, a mídia como formadora de opinião, deve promover conteúdos reais e reflexões profundas sobre o assunto. Certamente, iremos nos libertar dessa escravidão e entender que o belo está na singularidade.