Mário Sérgio Cortella, renomado filósofo brasileiro, afirmou que "envelhecer é uma dádiva, envelhecer com qualidade é uma conquista". Essa reflexão nos instiga a compreender os desafios enfrentados pelos idosos no Brasil, desafios que impactam diretamente a qualidade dessa conquista. No entanto, ao adentrarmos nos pormenores dessas dificuldades, podemos recorrer à filosofia de Hannah Arendt para lançar luz sobre a importância da ação política na vida dos idosos e, assim, identificar causas e consequências que afetam essa parcela da população.

Desenvolvimento:

Hannah Arendt argumentava que a ação política é o cerne da existência humana, onde os indivíduos se expressam, moldam suas identidades e contribuem para a construção da sociedade. No contexto dos idosos, essa filosofia se aplica de maneira vital, pois a participação ativa na esfera política e social é uma das principais defesas contra os desafios que enfrentam. Entretanto, a falta de engajamento político é uma das causas centrais dos problemas que a população idosa enfrenta no Brasil.

Um exemplo ilustrativo dessa situação é a falta de representação efetiva das necessidades dos idosos na formulação de políticas públicas. Devido à ausência de uma voz ativa e influente, muitas questões cruciais, como a acessibilidade em espaços públicos, o acesso à saúde e o combate ao preconceito etário, frequentemente ficam à margem das discussões políticas. Como consequência, os idosos enfrentam barreiras significativas para acessar serviços de saúde adequados, espaços públicos seguros e uma sociedade mais inclusiva.

A ausência de engajamento político dos idosos se reflete ainda na falta de fiscalização de órgãos responsáveis pela garantia de seus direitos. A negligência em supervisionar o cumprimento de leis e regulamentações específicas para a terceira idade permite a perpetuação de condições desfavoráveis.

Portanto, a filosofia de Hannah Arendt destaca a importância da ação política como um instrumento fundamental para superar os desafios enfrentados pelos idosos no Brasil. A falta de participação política é uma causa central da ineficácia das políticas públicas e das barreiras enfrentadas pelos idosos. O exemplo da falta de representação efetiva nas políticas de acessibilidade e na fiscalização das leis relacionadas aos idosos ilustra como a falta de ação política prejudica diretamente a qualidade de vida dessa parcela da população.

Conclusão:

Em um país com uma crescente população idosa, é fundamental reconhecer que a ação política desempenha um papel crucial na melhoria da qualidade de vida dos idosos no Brasil. A filosofia de Hannah Arendt nos lembra que a participação ativa na esfera política é essencial para a construção de uma sociedade justa e inclusiva, na qual os desafios enfrentados pelos idosos possam ser superados de maneira eficaz. Portanto, cabe à sociedade e às autoridades garantir que os idosos tenham voz e participação significativa nas decisões que afetam suas vidas, para que envelhecer com qualidade se torne uma realidade alcançável para todos