No livro "utopia" do escritor inglês Thomas More, é retratada uma sociedade perfeita, na qual, a engrenagem social padroniza-se pela ausência de conflitos e problemas, e todos possuem os mesmos direitos. No entanto, o que se observa na realidade brasileira é o contrário do que o autor prega, visto que, os desafios para o enfrentamento da invisibilidade do trabalho de cuidado pela mulher no país ainda é um grande obstáculo a ser enfrentado, dificultando com que se realize os planos de More. Esse cenário ocorre tanto pela desigualdade de gênero, quanto pela ineficiência da máquina governamental, no que diz respeito aos cuidados com a saúde pública.

Em primeira análise, cabe ressaltar a negligência do Estado para com o enfrentamento da questão como um dos empecilhos do problema. Na obra "O pequeno príncipe" do filósofo Nicolau Maquiavel, para que se mantenham no poder os governantes devem operar em prol do bom universal. Destarte, quando tal questão é levantada no país, percebe-se graves falhas no seu funcionamento, haja vista que há na nação grande desigualdade de gênero, oriundo de questões antigas, mas que se perpetuam até os dias atuais que impedem o tratamento de forma igualitária entre os gêneros, tanto em salários, tratamento e posições sociais. Enquanto é direcionado somente a mulher a maior parte do trabalho, principalmente aos cuidados de casa, idosos, crianças.

Em segunda instância, se faz de extrema importância a atenção do governo para a resolução de tais mazelas. Na Constituição Federal de 1988, o documento prevê em seu artigo 6º garantia a saúde pública à todo cidadão brasileiro. No entanto, o que se observa na realidade contemporânea é o desleixo para com os brasileiros que necessitam de cuidados especiais, os deixando totalmente desamparados de apoio à cuidados de terceiros, em sua grande porcentagem, mães, filhas, cuidadoras. É inadmissível a perpetuação desse quadro deletério pela falta de políticas públicas.

Diante disso, é imprescindível que medidas sejam tomadas para empedir o avanço da problemática. A união de contas, responsável pela fiscalização financeira, deve direcionar capital à centros de cuidados especializados, para que, por meio desse, seja revertido em profissionais qualificados e em construção de ambientes preparados para receber os que necessitam dos serviços. A fim de que seja amenizado as consequências desse revés. Desse modo, atenuar-se-á a médio e longo prazo a "Utopia" de More.