O filósofo e escritor inglês Thomas More, retratada em sua obra "Utopia" uma sociedade perfeita, com ausência de conflitos. Contudo, o contexto brasileiro atual contraria o pensamento do escritor, visto que, as desigualdades entre as regiões do Brasil não encontra apoio político para sua resolução. Nesse sentido, evidencia-se a consolidação de um grave problema, que persiste devido não só à ausência de empregos em certas regiões brasileiras, mas também, às desproporções educacionais.

Em uma primeira análise, a ausência de empregos em certas regiões brasileiras mostra-se como um desafio à resolução dessa questão. Conforme o IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - o sul e sudeste representa 72% do PIB nacional. Então, vale ressaltar que esse fator tem grande consequência da rápida industrialização nessas regiões, que atraiu a população do norte e Nordeste que buscavam por trabalho.

Em uma segunda análise, as desproporções educacionais apresentam-se como influências nesse problema. De acordo com outra pesquisa do IBGE, o sul e sudeste tem as menores taxas de analfabetismo, 3,3% entre os que tem 15 anos ou mais. Entretanto, o Nordeste apresenta índices elevados, visto que, a falta de atuação do governo intensifica isso ainda mais.

Portanto, medidas estratégicas são necessárias para reverter esse quadro. O Ministério da Economia deve destinar verbas para criação de empresas nos territórios menos favorecidos, para dessa forma gerar oferta de trabalho e alcançar um bom desenvolvimento econômico. Ademais, o Ministério da Educação precisa investir em projetos municipais para analfabetos, além de promover acompanhamento escolar para verificar o aprendizado dos estudantes. Assim, pode-se deixar essa problemática no passado brasileiro.

Jorge Amado - escritor baiano - retrata em sua obra literária "capitães de areia", as dificuldades vivenciadas pelo personagem Pedro Bala e o grupo de jovens moradores de rua do qual ele lidera, o autor evidencia toda a desigualdade e os obstáculos que são impostos a esses jovens que vivem nas ruas da cidade de Salvador, Bahia, cujo único meio de subsistência é o roubo. Fora da fantasia, essa dura vivência descrita por Jorge Amado é a realidade de grande parte da população brasileira, cuja, maior concentração dessas pessoas, se dá, em regiões menos desenvolvidas como o norte e o nordeste do país, explicitando assim, a grande desigualdade existente nessas áreas. Conquanto, alguns empecilhos estimulam a interrupção dessa problemática, tais como, a grande extensão territorial do país e a falta de investimentos nas mesmas, o que gera, problemas de desigualdades regionais.
A priori, a extensão territorial do país é um fator que corrobora para a existência dessa desigualdade. Cândido Portinari, em sua pintura "retirantes", retrata o tema de migração nordestina, que deixa seu lugar de origem em busca de melhores condições de vida em outras regiões do país. Analogamente a pintura, essa migração de região é consequência da grande extensão territorial do Brasil, devido ao tamanho de seus estados, sendo maiores em questão territorial em comparação com alguns países, apenas determinadas áreas como sul e sudoeste são bem desenvolvidas, por consequência da grande concentração de empresas e industrias, ocasionando deste modo, maiores oportunidades de empregos e qualidade de vida, essas características fazem com que ocorra um exponencial números de pessoas migrando para grandes centros.
Outrossim, a falta de investimentos nessas áreas, ocasionam ao aumento da desigualdade regional, pois, sem investimentos não há desenvolvimento, deste modo, essas regiões acabam se tornando retrógradas em comparação com as outras com o passar do tempo, em questões como: educação, saúde, segurança, lazer e trabalho. Arthur Lewis - ecônomo britânico - falava que, educação, saúde e segurança nunca foram despesas. Sempre foram investimentos com retorno garantido. Nesse contexto, é indispensável uma ação para combater tal problema, pois, essa carência de investimentos pode a vir ocasionar um colapso na economia dessas áreas, gerando desta forma, um aumento nas taxas de desigualdades entre as regiões.
Portanto, é mister a resolução dos problemas apresentados por parte do Estado, buscando assim amenizar o quadro em que se encontra o Brasil. Deste modo, é concernente ao Governo em parceria com o Ministério da Economia, a criação de um projeto que busque levar mais empresas e indústrias para essas áreas desfavorecidas, através de novos contratos e a dispersão de filiais por regiões desprovidas da mesma, buscando assim, a redução na taxa de desemprego, gerando desta maneira, um movimento na economia, dando início a um melhor desenvolvimento nessas áreas. Deste modo, a desigualdade regional não seria mais um obstáculo, pois, o progresso destas regiões estariam caminhando para o seu ápice, o que as tornariam proporcionais economicamente aos demais, evitando assim, problemas como a desigualdade social expostas na obra de Jorge Amado.