"Menino veste azul e menina veste rosa" foi uma declaração da Ministra Da Família e Dos Direitos Humanos, Damares, em 2019, que causou fortes polêmicas e rejeição da população. Esse acontecimento revela como o encontro das ideias sobre família com a nova geração se dá. Tal reflexão se é pertinente ao século XXI uma vez que, gradativamente, os conflitos de ideias atuais e antigos geram segregação e violência entre as gerações anteriores e a atual.
Em primeira análise, é essencial destacar que esse atrito decorre dos padrões da "família perfeita" que vêm sendo desenvolvidos desde o século XIX e estão impregnados na cultura ocidental. De acordo com Heráclito, "tudo muda o tempo todo", como as águas de um rio em movimento constante. Entretanto, essas águas geram também perpétua erosão por onde passar. Assim ocorre com o fluir das ideologias, elas mudam e, simultaneamente, colocam os diversos agrupamentos sociais em processo de agressiva erosão, inclusive as famílias.
Consequentemente, várias famílias passam por divórcios e por lamentáveis episódios de violência doméstica. A situação se agrava com a convivência durante a pandemia: parentes que não tinham tempo de comunhão entre si se encontram, de repente, passando o dia inteiro juntos em casa. Aumentando o contato, os atritos também se tornam mais numerosos. Nesse sentido, é mister que a resiliência seja ativada no lar, toda a família deve trabalhar para desenvolver uma mentalidade flexível para questionar coisas que uma vez foram consideradas verdades.
Portanto, o Estado deve posicionar-se para corrigir o quadro apresentado. Objetivando auxiliar as famílias no processo de abrir suas mentes, urge que o Ministério da Família promova, através de recursos governamentais, encontros pela internet para companhamento de pessoas que estão dispostas a dedicar-se para compreender as novas ideias desta geração e como as anteriores ainda se aplicam. Uma vez estabelecido o equilíbrio, ambas as gerações poderão, mesmo em constante movimento, amenizar a erosão do rio das ideias.