O hábito de do ser humano de fazer o seu auto – retrato é antigo. Nas pinturas, essa atividade era comum e envolve artistas como Van Gogh e Frida Kharlo como exemplo. O hábito de se retratar, porém, ganhou uma nova forma com o avanço da tecnologia como internet, smartphones e redes sociais. As chamadas “selfies”, fotografias cujo o objetivo é uma pessoa fotografar ela mesma, tornaram – se a principal opção moderna de culto pessoal, tornando – se uma relevante forma de expressão. Apesar de isso não ser necessariamente ruim, ele pode intensificar problemas como obsessão e reforço excessivo de padrões estéticos.
Um detalhe que ajudam a construir o contexto da ascensão das selfies são as redes sociais, especialmente Facebook e Instagram. Um elemento que está em todas elas é a possibilidade de dar “curtidas” para publicações que acabem satisfazendo o usuário. Uma postagem muito recompensada significa que ela foi muito vista e muito adorada e com isso pode satisfazer o ego do publicador. Assim, aquilo que em tese seria apenas uma saciação da vontade de auto – exibição pode virar uma obsessão. A pessoa passa a querer demostrar um cotidiano aparentemente feliz que nem sempre é verdadeiro mas que é atrativo, sempre na busca de uma melhora passageira na auto – estima. E, em tempos que se tem havido uma alta em problemas psicológicos que coincide, inclusive, com a ascensão de acesso à internet e redes sociais, boa parte disso vem da necessidade de criar e manter uma imagem perante a visão alheia, e as selfies simbolizam muito bem isso.
Além disso, uma outra questão é quanto a padrões estéticos que, é verdade, antecedem e muito a própria internet. Contudo, não dá pra negar que os sites sociais também ajudam a reforçar – los através das fotografias. É comum que essas redes utilizem algoritmos que aumentam o alcance de publicações mais curtidas, ou seja, as que mais agradam o público em geral. Em se tratando da estética, a sociedade se volta mais a corpos magros, jovens, de cor branca e certos traços específicos e, por lógica, pessoas com estas características têm mais chances de atraírem mais o público que responderá às selfies, estas que passarão a serem recomendadas pra mais usuários. Essa maior exposição pode tornar cada vez mais reforçados preceitos de beleza que já são bastante enraizados, o que pode incentivar a eterna procura pelo corpo perfeito, além de diminuir a auto – estima de quem não se encaixa no status – quo do ponto de vista visual.
Por mais que os auto – retratos fotográficos sejam interessantes como nova forma de expressão, eles estão envolvidos em discussões que envolvem questões sociais e até mesmo de saúde, e essas partes não podem ser menosprezadas. Cabe que as empresas por trás das redes sociais se coloquem em uma constante avaliação de seus algoritmos para tornar – los menos tendenciosos a certos padrões estéticos. Além disso, a sociedade como um todo deve rever sua cultura, tanto com sua visão de beleza corporal, quanto com a tendência de ter a auto – estima tão dependente das reações alheias.